De Daniel Warren Johnson
200 páginas
Panini Comics | 2021
Tradução: Mario Luiz C. Barroso
Em Mulher-Maravilha Terra Morta, Daniel Warren Johnson apresenta seu primeiro trabalho para a DC Comics. Aqui o quadrinista insere o leitor em um mundo pós-apocalíptico sem vida, em que a humanidade passou a lidar com a fome, a escassez de recursos e bestas gigantescas. É nessa terra morta que Diana acorda de um sono centenário. No início da trama, sabemos tão pouco quanto a protagonista sobre a realidade que ela precisa encarar. Um universo “paralelo”, que tem sua mitologia própria e certos caminhos diferentes do cânone da princesa das Amazonas.
A escolha de Johnson pela autenticidade, mantendo algumas de suas principais características como artista, é um acerto. O melhor deste álbum está exatamente nisso. Porém, mesmo que crie uma trama própria, o quadrinista flerta com personagens que habitaram o universo da Mulher-Maravilha. Não é à toa que logo na capa, Diana aparece usando o cinto do Batman. Inclusive, é muito bom ver uma heroína retratada de uma forma não sexualizada. Mesmo que as feições infantilizadas da protagonista não tenham nos agradado.
No roteiro, Johnson não tem pressa de explicar para o leitor o que efetivamente aconteceu ali. Isso garante boas viradas na trama, embora algumas escolhas nem sempre pareçam muito lógicas. Por mais que tente fazer uma trama com diversas camadas, normalmente o autor toca apenas a superfície delas. Não, esse não é um quadrinho com discussões profundas, encaixadas no momento certo. Mas é um entretenimento gostoso de acompanhar, que embala o leitor em lutas épicas, coroadas pela arte suja e marcante do quadrinista. Destaque também para as cores de Mike Spicer, que deixa o visual ainda mais bonito.
Para quem busca uma boa história que independe de cronologia e que traz uma perspectiva diferente ao pensar no universo dos super-heróis, Mulher-Maravilha Terra Morta é uma boa pedida. Com seus acertos e erros, Daniel Warren Johnson consegue entregar muito de si para a história. Uma HQ que assume, sem medo, que bebeu de diferentes fontes, que entretém o leitor e entrega uma viagem visualmente incrível a uma Terra que um dia foi a nossa.