De Marcelo Saravá, André Freitas, Omar Viñole e Deyvison Manes
160 páginas
Zarabatana Books | 2020
Meta – Depto. de Crimes Metalinguísticos foi uma boa surpresa, desde a premissa. A HQ de Marcelo Saravá e André Freitas, com cores de Omar Viñole, se desenvolve a partir de um crime: a morte de um desenhista de quadrinhos, cujos principais suspeitos são os personagens desenhados por ele. Para investigar um crime dessa natureza, entra em cena a Meta, uma polícia secreta responsável pelas buscas em casos ocorridos em mídias como cinema, literatura, teatro e quadrinhos.
Marcelo conduz bem a história. O protagonismo aqui é de Alan, o cunhado do homem assassinado, que se vê em uma situação ainda mais desesperadora quando sua irmã (a esposa da vítima) desaparece. Tudo indica que ambos os casos precisam ser resolvidos pela Meta. Alan passa a dar suporte nas investigações e é ao lado dele que o mundo metalinguístico dessa corporação é revelado.
Mesmo que tenha um bom ritmo, há algumas passagens expositivas e até um pouco retóricas e cansativas, na HQ. Isso porque boa parte dos “recursos” próprios dos quadrinhos (que são parte da trama) precisam ser explicados a Alan e, consequentemente, ao leitor. Algumas decisões do roteiro podem ser curiosas, mas boa parte é costurada ao final.
E é justamente o último capítulo da HQ o ponto alto da obra. Passeamos, ao lado dos detetives da Meta e de Alan, por diferentes quadrinhos nacionais e estrangeiros. A brincadeira funciona bem para a história e o resultado é um capítulo que deve encantar o leitor. Os desenhos também são bem funcionais ao tom da obra e conseguem ser inventivos em vários momentos “metalinguísticos” da história.
Publicada pela Zarabatana Books, Meta é uma HQ que consegue ir além da própria história e trabalhar as vantagens da própria mídia. Ou seja, uma trama que só parece possível de ser contada em quadrinhos e é como uma carta de amor à mídia.