Mafalda muda de editora na Argentina e rompe parceria de mais de 50 anos

3 julho 2025
Por Fora do Plástico


Após 55 anos com a Ediciones de la Flor, Mafalda terá uma nova casa na Argentina. Os sobrinhos de Quino, criador da personagem, que herdaram os direitos de sua obra, fizeram um novo acordo e a Penguin Random House assumirá a publicação dos quadrinhos da icônica personagem em seu país de origem.

O anúncio de que Mafalda deixaria a Ediciones de la Flor foi feito pela própria editora nesta segunda-feira (30), em sua página no Facebook. “Lamentamos que, por decisão de seus sobrinhos herdeiros, não possamos continuar cuidando de sua obra como fizemos desde que nos escolheu como sua casa, há mais de meio século. De toda forma, temos a certeza de que a história manterá indissoluvelmente unidos nossos nomes, como até agora”, publicou a casa editorial. 

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Após a morte de Quino, em 2020, os direitos autorais do quadrinista foram herdados por sua sobrinha, Julieta Colombo, que já havia trabalhado com o tio por mais de 30 anos. Quando Julieta faleceu, em 2023, cinco sobrinhos de Quino assumiram a responsabilidade legal sobre a obra e, agora, firmaram o acordo com a Penguin Random House. Segundo informações dos herdeiros para o jornal El País Argentina, a mudança está relacionada à carência de distribuição fora de Buenos Aires pela Ediciones de la Flor e a necessidade de ampliar o alcance das obras de Quino.

Quino ao lado de estátua da icônica Mafalda | Foto: REUTERS/Eloy Alonso

A troca começou com a transferência da distribuição na América Latina para a espanhola Lumen, parte do conglomerado Penguin Random House. A partir de agosto, quem assume a edição de Mafalda na Argentina é a Sudamericana, outro selo do mesmo grupo. Um dos maiores conglomerados editoriais do mundo, a Penguin controla mais de 300 selos, incluindo a Companhia das Letras no Brasil.

Mafalda começou a ser publicada em 1964 pela revista Primera Plana e teve seus primeiros livros lançados pela editora Jorge Álvarez. Até que, em 1970, encontrou sua casa fiel na Ediciones de la Flor. Ana María “Kuki” Miler, responsável pela editora, afirmou em entrevista ao El País que tentou manter os direitos, mas não conseguiu, devido à crise editorial e a valorização do dólar.


Se Quino estivesse vivo, isso não teria acontecido. Éramos amigos muito próximos, parte de uma família… Ele colocava o que sentia e pensava acima do dinheiro”, disse Miler. A responsável pela Ediciones de la Flor revela que o criador de Mafalda nunca quis publicar por uma grande editora. “Ele tinha uma ideologia muito definida e era muito exigente com seus materiais”, conclui.

No Brasil, as tiras de Mafalda estão distribuídas entre as editoras Martins Fontes, que tem em seu catálogo “Toda Mafalda” entre outras obras da personagem, e WMF Martins Fontes, responsável pela publicação de coletâneas com tiras temáticas da garota.

Mafalda na Livraria Martins Fontes em São Paulo | Foto: João Caldas

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