De Talia Dutton
224 páginas
SumaHQ | 2023
Tradução: Helen Pandolfi
M de Monstra reinventa a conhecida mitologia de Frankenstein para construir um drama familiar de fantasia. Em seu primeiro quadrinho, Talia Dutton conquista o leitor pela simplicidade com a qual aborda identidade de gênero, luto e expectativas.
Maura está morta, devido a um trágico acidente de laboratório. Só que graças aos esforços de sua irmã mais velha, a cientista Frances Ai, ela volta à vida. Ou pelo menos é o que Frances achava. O resultado não é o esperado e, apesar do corpo ser o da irmã mais nova, a consciência não é, mas, sim, de alguém completamente diferente.
Ao perceber que Frances segue obcecada em querer sua irmã de volta e incansavelmente força a criatura a se lembrar do passado, a “nova Maura”, que decide se chamar M, começa a satisfazer Frances agindo como sua verdadeira irmã faria. Por outro lado, à medida que o tempo vai passando, M passa a querer seguir seu próprio caminho, a querer se encontrar. E fingir ser quem não é, não é a solução.
Talia Dutton é habilidosa na abordagem em que discute a identidade. O que você é e o que os outros projetam para você. Fazendo de M de Monstra uma leitura leve, divertida e lúdica, perfeita para jovens leitores. Já os leitores mais experientes podem se incomodar com o terço final do quadrinho. Além da previsibilidade, a resolução dos conflitos soa apressada demais.
Os cenários são bem limpos, mas com personagens muito expressivos. A paleta de cores se destaca pelo tom frio, puxado para o esverdeado. O traço de Dutton remete diretamente a outras obras juvenis, como “Laura Dean Vive Terminando Comigo” e “Bloom”.
M de Monstra, publicação da SumaHQ, vai te fazer navegar por uma alegoria para a autodescoberta. Uma leitura que explora de forma bem acessível e sincera a identidade de gênero.