De Barbara Baldi
124 páginas
Pipoca & Nanquim | 2019
Tradução: Júlio Schneider
Em sua estreia como roteirista, Barbara Baldi retorna à Era Vitoriana para contar um drama sobre irmãs em conflito e a resiliência de uma jovem em busca da permanência do legado de sua família. Após a morte da avó, Clara e Olivia se veem divididas pela herança. Enquanto Olivia ficaria com os bens de Lady Sutherland, à Clara foi destinada a Mansão Flintham Hall. Insatisfeita, Olivia abandona a irmã, que é deixada para cuidar sozinha (e sem qualquer reserva financeira) do espaço e garantir sua sobrevivência.
Os desafios pelos quais Clara passa fazem a jovem aristocrata apaixonada por música abdicar de vários de seus benefícios. Ao contrário do que previa a hierarquia vitoriana, a jovem ajuda a criadagem nas tarefas e tenta resistir às intempéries que insistem aparecer em seu caminho. Barbara Baldi constrói uma ambientação apurada e graficamente belíssima, mas peca na superficialidade do roteiro, principalmente na segunda metade da HQ.
Com poucos diálogos e lindos painéis que remetem a pinturas impressionistas, Luz que Fenece possui bom ritmo e flui confortavelmente para o leitor. No entanto, ao decorrer da história sentimos que Barbara nos prepara para um clímax que nunca chega. Talvez essa realmente seja a intenção da autora, mas nos pareceu que a inexperiência da autora com roteiros pode ter pesado na conclusão da obra.
Com um acabamento de altíssima qualidade, o lançamento da editora Pipoca & Nanquim é uma boa aposta em mulheres quadrinistas, que, infelizmente, muitas vezes não chegam ao mercado brasileiro. O cuidado precioso de Barbara com a arte e a ambientação da obra, são essenciais para fazer de Luz que Fenece uma leitura agradável e esteticamente deslumbrante.