De Fabrício Martins e Laura Jardim
208 páginas
Independente | 2023
Longe de Tudo usa o paradigma humanidade versus máquina sem moderação, mas não cai na mesmice. Em um futuro em que ambos são inimigos, a amizade entre um homem e um robô poderia soar como um clichê, mas é só o começo de uma história que tem muito mais a oferecer ao leitor. Os autores de Oblivion, Fabrício Martins e Laura Jardim, desenvolvem uma jornada comovente, que aproveita bem o imaginário de ficção científica, mas é, em si, um drama.
Em busca de um recomeço, João Henrique chega à floresta que cerca uma cidade destruída. Lá também vive Arthur, um robô simpático, que aparentemente não tem a típica aversão aos humanos que se tornou comum com a guerra. Receoso, João não imagina que acabou de conhecer seu melhor amigo.
Não é nem preciso dizer que Longe de Tudo é uma obra sobre amizade. Mas é também sobre inclusão, tolerância e cuidado. João Henrique e Arthur são um homem e um robô, mas poderiam ser outras duplas que poderiam se desprezar no mundo real. O roteiro ainda subverte a noção preestabelecida de que máquinas seriam frívolas, enquanto os humanos são acolhedores.
Laura Jardim faz páginas encantadoras, que traduzem com clareza a relação que está sendo construída diante de nós. Enquanto, nas cores, João Belo traz vivacidade às estações e aos sentimentos, com paletas que se encaixam muito bem à proposta.
Longe de Tudo é aquele quadrinho otimista, que precisamos de vez em quando. Poderia soar previsível, pela ideia de ver uma amizade que tinha tudo para dar errado ser construída, mas há espaço para sermos surpreendidos e para deixar nosso coração quentinho.