De Elanni, Djaï e Koffi Roger N’Guessan
76 páginas
Skript | 2021
Tradução: Maria Emília Palha Faria
Ligeiro Amargor: uma História do Chá tem uma premissa convidativa e promete, logo nas primeiras páginas, desenvolver o nosso conhecimento sobre uma bebida que é universal. No entanto, a HQ não usa todo o seu potencial e acaba se perdendo em uma história que não empolga, mesmo tendo ótimos elementos, que poderiam ser mais bem aproveitados.
O roteiro da dupla Elanni e Djaï usa a história de Adjoua, desde a infância, para trazer em paralelo perspectivas sobre a popularização do chá ao redor do mundo. A protagonista é uma mulher nascida na Costa do Marfim e que, quando adulta, percorre o mundo como fotógrafa. Em três situações e tempos distintos, vemos Adjoua tomar chá e conversar com outros personagens sobre a cultura desta bebida tão popular.
Como dissemos, a história apresenta bons elementos para o leitor, no entanto, se torna um encadeamento de situações um pouco desconexas. O roteiro fica só na superfície dos dois ângulos que a trama propõe: a discussão da história do chá e a vida de Adjoua. Toda a parte histórica é muito interessante e bem apresentada e, talvez, se o quadrinho tivesse mais páginas para apresentar melhor essas duas faces, ele seria mais envolvente.
A arte do marfinense Koffi Roger N’Guessan é um pouco rígida nos movimentos, mas é bastante competente e não compromete em nada o quadrinho. A maneira como ele altera entre as partes históricas e a ficção é bem feita e, como um todo, a arte é harmônica com o roteiro.
Ligeiro Amargor é o primeiro quadrinho do selo de HQs africanas da Skript Editora. E, por mais que a obra não seja tão aprofundada como esperávamos, é excelente saber que materiais como este estão chegando ao Brasil e que mais pessoas podem, finalmente, ter acesso a quadrinhos de diferentes autores e regiões.