De Shiro Kuroi
Série completa: 568 páginas (Vol.1 200 páginas; Vol.2 184 páginas e; Vol.3 184 páginas)
JBC | 2024 e 2025
Tradução: Pedro Hamaya
Leviathan, mangá de Shiro Kuroi, não busca reinventar a roda, mas entrega uma trama tensa, angustiante e competente. Dividida em três volumes, a obra evoca clássicos como “Senhor das Moscas” e “Sala de Aula à Deriva”, em que jovens isolados, pressionados pelas circunstâncias, são forçados a revelar o pior de si pela sobrevivência.
A trama acompanha um grupo de estudantes em uma excursão escolar pelo espaço. Mas a viagem sai do controle, quando a nave sofre uma explosão que a deixa à deriva. Sem comunicação com o mundo exterior e com poucas horas de oxigênio, todos a bordo estão condenados à morte. Exceto uma pessoa que possivelmente poderá sobreviver na câmara criogênica da nave. A partir daí, um banho de sangue começa.
Um recurso interessante do autor é contar essa história dentro de outra: três anos depois, saqueadores encontram a nave à deriva e, nos escombros, descobrem o diário de um dos ocupantes. É por meio dessa leitura que, junto com eles, desvendamos o que aconteceu ali.
A construção da história tem bom ritmo e mantém o leitor envolvido nos acontecimentos. O primeiro volume é, sem dúvida, o mais forte, com uma atmosfera sombria e uma construção de tensão bastante convincente. No entanto, o segundo volume sofre com o excesso de personagens. Na tentativa de apresentar um pouquinho de cada um, a narrativa acaba ficando dispersa e perde força. O terceiro volume até tenta surpreender com reviravoltas e, sejamos justos, consegue. No entanto, uma dessas reviravoltas soa forçada. Como ponto positivo, há de se destacar o tom mais filosófico e político do volume final.
Visualmente, Leviathan se destaca bastante. O traço em preto e branco, carregado de hachuras, contribui para criar uma atmosfera pesada, opressiva e, muitas vezes, fantasmagórica. A estética impressiona e combina com a tensão da história, mas em alguns momentos é difícil distinguir os personagens.
Embora algumas de suas ideias sejam desenvolvidas de forma superficial, Leviathan, que foi publicado no Brasil pela JBC, ainda cumpre bem sua função na maior parte do tempo, oferecendo uma leitura satisfatória para quem aprecia histórias de sobrevivência.