De João Eddie
264 páginas
Draco | 2022
Joy Comet é uma androide que faz parte de um esquadrão criado para encontrar um novo planeta habitável. Isso mesmo, um novo lar para a humanidade. A partir do conflito entre humanos e natureza, João Eddie aborda autoritarismo, a busca por poder, o fomento ao armamento, a anti-ciência e vários outros pontos que podem (e devem) ser lidos como analogias ao “passado” muito recente do Brasil.
A HQ, que leva o nome da protagonista, é situada em um universo onde a ganância dos humanos destruiu a Terra e, agora, a colônia espacial Elysium, em que se encontra o que sobrou da espécie humana, caminha para o mesmo destino. Se não bastasse a catástrofe, um golpe de estado instaura um regime de violência em Elysium, determinando uma série de mudanças nas prioridades desse novo governo.
Entre as alterações estão as funções dos androides, que agora são usados principalmente como ferramenta de controle popular. Quando nossa protagonista e seu fiel parceiro Quindim, em patrulha nos arredores da colônia, encontram um esper, uma forma de vida capaz de viver no espaço, eles vão embarcar em uma jornada cheia de ação, que vai revelar a verdade sobre os reais interesses do partido golpista.
Um dos principais trunfos do quadrinho é a sua execução. É tudo bem amarrado, de ótima condução. O mistério que João Eddie vai alimentando ao longo das páginas; o desenvolvimento do plot; a forma como o enredo conversa com os dias atuais e, claro, as reflexões que propõe sobre o “nosso propósito”, são qualidades que tornam Joy Comet um belo quadrinho.
O visual nos remete aos trabalhos mais recentes de Inio Asano, pelos detalhes dos cenários e estilo do traço. São ilustrações muito competentes que chamam atenção do leitor, com páginas de tirar o fôlego.
Lançado pela Draco, Joy Comet é uma jornada empolgante, que reverencia obras como Nausicaä do Vale do Vento e Akira, mas que não deixa de ter a sua própria marca. Uma leitura prazerosa e um convite ao pensamento crítico.