De Eric Peleias e Ligia Zanella
52 páginas
Ultimato do Bacon | 2023
Ilha dos Condenados mergulha no suspense psicológico, ao mesmo tempo em que injeta elementos de horror. A HQ de Eric Peleias e Ligia Zanella certamente mantém o leitor sob controle desde sua primeira página, em um exercício de angústia pelo final, sustentado pelo roteiro bem conduzido.
Danny acaba de chegar a uma ilha isolada. Um local destinado à produção e exportação de maçãs. Esse é o seu novo trabalho e também a sua nova casa. Dominado por um clima misterioso de vigilância e com pouca informação de seus outros colegas de trabalho, não demora para que o protagonista comece a desconfiar desse seu emprego e de sua sanidade. À medida que o quadrinho desenrola, descobrimos que realmente há muito ali que não é o que parece.
Longe de sua zona de conforto, Eric Peleias comprova ser um dos mais talentosos roteiristas do país. A atmosfera claustrofóbica, a forma como o roteiro flerta com o sobrenatural, distorcendo a realidade, toda a construção é muito eficiente. No entanto, pela quantidade de páginas (apenas 52), não espere muito desenvolvimento. É um quadrinho bem direto ao ponto, que não tem espaço para explorar ao máximo o plot, apesar da tensão constante.
As ilustrações da Ligia Zanella cumprem com o papel de trazer esse desconforto que o protagonista vivencia, com espaço para carregar mais o visual em cenas mais sombrias. Porém, há algumas passagens em que os personagens parecem pouco expressivos, o que diminui o impacto de algumas situações da trama.
Publicado pelo selo Insânia, da editora Ultimato do Bacon, Ilha dos Condenados é um exercício de gênero que comprova algo já muito claro: o quadrinho brasileiro tem muito a oferecer nas histórias de terror.