De Aapo Rapi e Peppe Koivunen
100 páginas
Skript | 2021
Tradução: Márcio dos Santos Rodrigues
Com uma história nonsense, o quadrinho finlandês Horror Cósmico usa elementos clássicos do horror para produzir uma trama original, mesmo que seja cheia de referências. Aapo Rapi e Peppe Koivunen trazem o conde Drácula e seu ajudante Igor buscando afastar o tédio da existência eterna contando histórias, discutindo autores, fumando e tocando órgão. Certa noite, a rotina de ambos muda, quando um funcionário do governo bate à porta do castelo onde vivem.
A partir disso, a trama vai se tornando cada vez mais lisérgica. Apesar de ser uma obra que não deixa de lado o seu tom fantástico, o quadrinho consegue deixar nas entrelinhas críticas à sociedade e à lógica produtivista. Esse olhar mais aprofundado sobre a obra pode ser evidenciado a partir dos textos de apoio (de Márcio dos Santos Rodrigues e de Alexandre Linck) que a compõem e que tornam o nonsense mais “lógico”.
Dito isso, devemos ressaltar: Horror Cósmico pode não ser um quadrinho para todo mundo. Essa é daquelas tramas em que a leitura pode parecer um encadeamento de situações bem-humoradas, neste caso, envolvendo monstros em um mundo no qual não se encaixam. Há, sim, outras camadas por trás, mas talvez nem todos os leitores se sintam convencidos por elas.
A arte e a narrativa são o grande diferencial nesta HQ, na nossa opinião. Com cores vibrantes e uma estética gótica, o quadrinho busca referências estéticas diversas para construir um visual que nos conquistou ao primeiro olhar.
Horror Cósmico não é brilhante, não é um quadrinho que funciona para todos públicos, mas é definitivamente uma obra original. Aapo Rapi e Peppe Koivunen criam situações anedóticas para falar, no fim das contas, um pouco sobre a amizade e nos convidar a pensar sobre a eternidade.