Hoka Hey!

13 fevereiro 2025

De Neyef
224 páginas
Taverna do Rei | 2025
Tradução: Fernando Paz

Envolvente do início ao fim, Hoka Hey!, do francês Neyef, nos leva aos Estados Unidos do final do século XIX. O pequeno Georges foi criado por um pastor, longe de suas raízes indígenas e sem qualquer contato com a cultura do povo Lakota. Quando seus caminhos se cruzam com um bando liderado pelo indígena Little Knife, sua vida se transforma por completo.

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Pode-se imaginar que o que seguiria a partir dessa premissa é um roteiro previsível, em que uma criança indígena se reconecta com sua origem, da qual foi privada. E, de fato, há um quê de previsibilidade em Hoka Hey!, mas essa é uma história que vai muito além disso e preenche o leitor dos mais diversos sentimentos. Neyef conduz com agilidade uma trama sobre pertencimento, vingança e relações interpessoais, em um western que traz a perspectiva indígena para o primeiro plano. É a história deles, seus costumes e suas batalhas que estão em foco.

Os personagens são muito bem construídos, nos afeiçoamos com facilidade a eles e nos sentimos parte da dinâmica desse grupo de párias de uma sociedade injusta. À medida que a trama avança, é possível sentir a energia das sequências de ação, se espantar diante da violência que era a tônica naquele período, e se acalentar enquanto o pequeno Georges encontra seu lugar no mundo, se sente amado e protegido. As emoções ficam à flor da pele, Neyef sabe muito bem como mexer com os nossos sentidos.

Para isso, o quadrinista usa muito bem os enquadramentos, amplia as cenas quando quer reforçar a conexão dos povos originários com a natureza, fecha os quadros quando quer criar tensão. A beleza e a fluidez de seu traço deixam tudo ainda mais encantador.

Publicado pela Taverna do Rei, Hoka Hey! não é um quadrinho perfeito. Há um bocado de coincidências e de previsibilidade, mas nada disso diminui a sensação de estarmos diante de um quadrinho fantástico. Uma leitura na qual nos sentimos totalmente entregues. É impossível não se empolgar, sofrer e se emocionar, porque este é aquele quadrinho que não precisa ser tecnicamente perfeito para parecer perfeito na nossa experiência de leitura.

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