De Tom King, Bilquis Evely e Matheus Lopes
176 páginas
Suma | 2025
Tradução: Angélica Andrade
Quando Tom King, Bilquis Evely e Matheus Lopes, o trio de Supergirl: Mulher do Amanhã, se reuniram em um projeto autoral, as expectativas eram altas. Em Helen de Wyndhorn somos mergulhados em uma trama em que realidade e fantasia não apenas convivem, mas também se complementam. Com um visual soberbo, que merecidamente rendeu à brasileira um prêmio Eisner, o quadrinho é como um portal para um mundo encantado.
Após a morte precoce de seu pai, o escritor de revistas pulp C. K. Cole, a jovem Helen é levada à mansão do avô, Barnabas. O local esconde um mundo de aventuras que a garota já conhecia muito bem… até então apenas nas páginas escritas por seu pai. Dona de uma personalidade forte e com uma tendência de afogar o luto na bebida, a moça é acompanhada de perto por Lilith, sua preceptora e a narradora que irá conduzir o leitor ao longo de toda a HQ.
Leitores já habituados aos enredos de Tom King vão perceber em Helen de Wyndhorn algumas das temáticas tradicionais do roteirista. Questões como trauma, relação paterna e saúde mental são todas costuradas na experiência de Helen na nova realidade. Muitas vezes o leitor pode ter a sensação de ter sido jogado em um mundo com suas próprias regras e mitologia, mas sem o manual explicativo. É algo que nós particularmente adoramos, mas que pode não agradar a todos.
O quadrinho é bastante carregado de texto, outro ponto característico de parte dos trabalhos de King. Por mais que alguns recordatórios pudessem ser suprimidos aqui e ali, é necessário ter em mente que a narração também faz parte dessa construção de mundo.
Mesmo com muitos méritos para a trama, Helen de Wyndhorn jamais causaria o mesmo impacto caso a equipe criativa fosse diferente. Bilquis Evely é uma especialista em criar cenários deslumbrantes, que transmitem precisamente a aura da HQ, desde a capa. Enquanto as cores de Matheus Lopes potencializam o resultado e dão ainda mais emoção ao traço.
Publicada pela Suma, Helen de Wyndhorn encanta na abordagem, quando usa a fantasia para tratar de temas reais, mas principalmente na construção do universo. Uma obra que, de forma sutil, celebra o poder das narrativas, de contar histórias.