De Julian Voloj e Claudia Ahlering
128 páginas
Veneta | 2016
Ghetto Brother: Uma Lenda do Bronx conta a história Benjy Melendez, membro fundador do grupo nova-iorquino Ghetto Brothers, conhecido por sua luta pela paz entre as gangues, na década de 1970. Inspiradora em seu relato sobre uma figura pertinente, a HQ de Julian Voloj e Claudia Ahlering traz uma boa trama, mesmo que não tenha aproveitado todo seu potencial. Longe de ser uma experiência de leitura ruim, o quadrinho deixa aquele gosto agridoce de que, a qualquer momento, a história vai decolar. Mas isso não acontece. O enredo nos passa a sensação de que, no fim, não saiu muito do lugar.
Filho de imigrantes porto-riquenhos, Melendez chegou com seus pais, ao Bronx, em 1963, num cenário de violência, onde a única proteção era ser membro de uma gangue. Alguns anos depois, na adolescência, ele decide fundar sua própria gangue, que logo se torna uma das maiores da região, promovendo a paz em vez da violência.
Apesar do gibi trazer uma visão sobre as gangues, traçar as evoluções do bairro e o nascimento da cultura do hip hop, a história é mais focada na intimidade de Benjy. Na evolução do protagonista, de sua infância ao seu casamento, passando pela sua relação com os pais, a busca por sua identidade e o encontro espiritual.
A narrativa não é tão bem conduzida como poderia. Na verdade, o ritmo atrapalhou a imersão, mas, de longe, o que mais nos incomodou foi a falta de profundidade do protagonista. Em alguns momentos, achamos a história muito polida, mesmo quando tudo indicava não ser. Além disso, gostaríamos de ter visto mais do impacto cultural de todo aquele movimento da década de 1970.
O estilo desproporcional das ilustrações de Claudia Ahlering não nos agrada. Além disso, a obra tem quadros em que a arte é tão “suja”, tão borrada, que fica difícil identificar o que está acontecendo ali.
Publicado em 2017 no Brasil, pela Veneta, Ghetto Brother: Uma Lenda do Bronx é uma HQ informativa, que acima de tudo, traz uma mensagem sobre esperança. Porém, é uma trama que fica aquém do seu potencial como história em quadrinhos.