Os quadrinhos em formatos econômicos têm ganhado espaço em editoras em diferentes mercados, como parte de uma tendência global em busca de leitores. A francesa Futuropolis, que já possui edições de bolso desde 2021, anunciou agora uma nova coleção com uma proposta especial: abordar questões relevantes da atualidade. Chamada Paroles (palavras em francês), a coleção traz quadrinhos curtos, com 32 páginas ao preço de 6,90 euros, dedicados a trazer um olhar para o mundo contemporâneo, a começar com “Guerre à Gaza” (Guerra em Gaza, em tradução livre), de Joe Sacco.
Lançado no início de setembro, o quadrinho foi um sucesso imediato e teve sua tiragem inicial de 22 mil exemplares esgotada assim que chegou às livrarias. Uma nova tiragem com 8 mil cópias foi encomendada. Foi justamente a repercussão de “Guerre à Gaza” que deu origem à coleção Paroles. A obra traz o autor de “Palestina” e “Notas Sobre Gaza” revisitando o tema do qual se tornou uma referência: a questão Isral-Palestina. O jornalista não poderia ficar indiferente aos acontecimentos que vêm tomando o noticiário desde 7 de outubro de 2023 e elaborou um panfleto sobre o horror da guerra em Gaza. Nas 32 páginas que compõem o quadrinho ele aborda o tema da guerra, o tratamento político que lhe é dado pelos Estados Unidos e Israel, e pela mídia.
O próximo título da coleção será “Charlie, quand ça leur chante” (Charlie, quando eles quiserem, em tradução livre), de Aurel, previsto para janeiro do próximo ano. A HQ aborda, dez anos depois, os assassinatos dos cartunistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, nos dia 7 de janeiro de 2015, durante o atentado à redação do Charlie Hebdo. Aurel explora o lugar que o desenho humorístico ocupa hoje e questiona o que aconteceu com aqueles que se autodenominavam “Charlie”. A previsão de tiragem é de 10 mil exemplares.
Em entrevista à Livres Hebdo, o diretor editorial da Futuropolis, Sébastien Gnaedig, revela que a editora manterá suas ambições modestas para a coleção Paroles. “Na Futuropolis desconfiamos de novas coleções, o risco é querer preenchê-las a todo custo”, explica. Por isso, o planejamento é de duas publicações por ano, uma por semestre, com uma seleção de autores que possam ser vozes relevantes sobre os temas abordados.