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De Ed Brubaker e Sean Phillips
112 páginas
Mino | 2025
Tradução: Dandara Palankof
Febre Noturna, da consagrada dupla Ed Brubaker e Sean Phillips, entra para aquela lista rara de dias ruins desses autores tão consistentes. Apesar do visual charmoso, o roteiro está aquém do esperado. Ainda assim, mesmo em um quadrinho menos inspirado, a dupla segue proporcionando uma leitura acima da média.
Ambientada na França dos anos 1970, a trama acompanha Jonathan Webb, um agente literário norte-americano em crise de meia-idade, que viaja ao país para uma feira do livro. Perturbado por uma leitura que descreve um sonho quase idêntico ao que costumava ter, Webb entra em uma paranoia. Com problemas para dormir, ele decide fazer uma caminhada noturna pela cidade. Pelo caminho, cruza com uma festa de máscaras e se infiltra, assumindo a identidade de outro homem. A partir daí, passa a agir de formas que jamais imaginaria em sua vida cotidiana.
A HQ mantém o tom noir, misterioso e “sujo” característico das obras da dupla Brubaker-Phillips. Não é preciso reafirmar o domínio que os dois têm no desenvolvimento das histórias, especialmente ao dosar o suspense, mesmo que, neste caso, siga passos previsíveis. Ainda assim, “Febre Noturna” consegue manter o leitor envolvido. O problema é que, para os padrões da dupla, a obra soa contida, como se jogassem no seguro. Além disso, o protagonista não nos convenceu, na verdade, mais nos incomodou por sua falta de personalidade.
Na arte, o trabalho do colorista Jacob Phillips é o grande destaque. Filho do desenhista Sean Phillips, Jacob contribui para valorizar tanto a paisagem urbana europeia quanto o clima de “pesadelo de olhos abertos”, com o uso de tons saturados que reforçam a paranoia do protagonista.
Lançado pela Mino, Febre Noturna é um quadrinho protocolar de Ed Brubaker e Sean Phillips. É uma leitura que, de fato, diverte e carrega certo charme, mas falta à obra o brilho que normalmente marca os trabalhos da dupla.
