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De Daniel Warren Johnson
312 páginas
Devir | 2025
Tradução: Giovana Bomentre
Extremity, a obra que consagrou Daniel Warren Johnson, já trazia vários dos elementos que seriam recorrentes na carreira do quadrinista. Nesta ficção científica à lá Mad Max, em que dois clãs anseiam a vingança por gerações, DWJ mescla referências de mangá e tokusatsu em cenas de ação que poderiam até ofuscar a base pé no chão de sua trama. Essa é uma história sobre luto, rancor e os caminhos que esses sentimentos podem tomar.
A jovem Thea viu sua vida pacífica ser destruída pelo clã Paznina, em um ataque repentino. Sua mãe foi morta e a garota teve seu braço mutilado, tornando-a incapaz de fazer aquilo que mais amava: desenhar. Foi com esse sentimento amargo que Thea cresceu, sob os cuidados de um pai tão amargurado quanto ela. Líder do clã Roto, Jerome se prepara para uma vingança que pague tudo aquilo que foi tirado de si.
É nesse cenário repleto de vísceras e sangue que somos arremessados. Extremity não se preocupa com didatismo, Daniel Warren Johnson deixa o leitor descobrir por si só a dinâmica desse conflito. O tema da violência cíclica é abordado com ênfase, à medida que a história avança. O quadrinista controla muito bem o ritmo da narrativa e dá às cenas de ação um peso extra, algo que viria a ser uma constante em sua obra.
Em alguns momentos é inevitável fazer comparações e observar como DWJ amadureceu na abordagem dos temas em seus trabalhos seguintes, como Murder Falcon e Powerbomb. Não que em Extremity a execução deixe a desejar, mas a sutileza com a qual as temáticas são apresentadas ao leitor é ainda mais notável nas obras seguintes. Por outro lado, o equilíbrio preciso entre diálogos, lutas e desenvolvimento narrativo já estão ali, feitos com precisão, sem perder o caráter de entretenimento.
Com uma arte de tirar o fôlego e as cores marcantes de Mike Spicer, Extremity chega ao Brasil pela Devir em uma edição integral. É uma ótima experiência de leitura e uma boa alternativa para um primeiro contato com os quadrinhos de Daniel Warren Johnson, um dos autores mais autênticos de sua geração.
