De Ersin Karabulut
152 páginas
Comix Zone | 2024
Tradução: Fernando Paz
Ersin Karabulut cria, em Diário Inquieto de Istambul, todas as condições para que o leitor fique completamente cativado por sua história. O primeiro volume de sua autobiografia é uma mistura bem dosada entre sua paixão pelos quadrinhos, os motivos que o levaram a ser quadrinista e o conturbado contexto político de seu país de origem, a Turquia.
O autor conta desde as suas primeiras memórias de infância, nos apresenta a seus familiares e aborda, em específico, sua relação com o pai, que fazia ilustrações para completar a renda da família e não desejava que o filho se envolvesse com os quadrinhos. Tudo isso porque ser quadrinista na Turquia é também um sinônimo de se envolver com o governo repressor de Erdoğan.
O senso de humor e sua visão praticamente autodepreciativa são essenciais para que o quadrinho nos mantenha entretidos, enquanto aprendemos sobre a vida política do país. O autor é didático no ponto certo e sabe utilizar muito bem exemplos de sua vida como gancho para as questões mais complexas da trama.
Karabulut já havia nos impressionado com sua arte em Contos Ordinários de Uma Sociedade Resignada e Até Aqui Tudo Ia Bem… e aqui não é diferente. Seu traço alterna entre extremamente caricato e realista, o que reforça o humor da HQ e dá ainda mais espaço para que o leitor se envolva com as situações apresentadas.
Publicado pela Comix Zone, Diário Inquieto de Istambul pode ser descrito como uma autobiografia tragicômica, no melhor estilo O Árabe do Futuro. Saímos deste primeiro volume ansiosos para conferir o que vem a seguir na trilogia… seja na vida de Karabulut ou na conturbada história turca.