De Jorge Zentner e Rubén Pellejero
64 páginas
Trem Fantasma | 2021
Em cinco contos curtos, Cromáticas apresenta ao leitor histórias marcadas pelo uso de uma determinada cor. Jorge Zentner e Rubén Pellejero passam por diferentes temáticas, mas sempre com um tom misterioso, em que nada é entregue facilmente ao leitor. O grande triunfo da obra é justamente este: Cromáticas não segue o óbvio, não se prende às respostas.
Com poucas páginas, cada um desses contos precisa de um casamento bem-feito entre texto e arte para funcionar. Zentner e Pellejero se completam bem, com destaque para o uso da linguagem visual, que guia o leitor e entrega detalhes que não estão no texto. Para nós, a maior surpresa foi, sem dúvidas, o conto Blues. Nesta história, curiosamente narrada por um peixe-leão, temos a tensão (erótica e perigosa) entre uma modelo e o peixe venenoso. O resultado é uma trama inusitada, que explora aspectos do desejo, da adrenalina, do vazio emocional e da pulsão de morte. Mas, Blues não é o único. Mont Blanc e Neve também são duas histórias de muita qualidade e que, positivamente, deixam o leitor com mais perguntas do que respostas fáceis.
O uso das cores é marcante, como pressupõe o nome do álbum. Há momentos em que uma transição abrupta entre tons reforça elementos do roteiro, como acontece em The Pinky Neon. Outro ponto que devemos mencionar é que a economia de páginas não afeta a qualidade da arte. Não há saltos narrativos, roteiro e arte seguem em harmonia.
Por mais que nem todas as histórias sejam memoráveis, o lançamento da editora Trem Fantasma foi uma grata surpresa. Não se deixe enganar pelo tamanho de Cromáticas, há nessas pouco mais de 60 páginas contos com várias nuances para descobrir.