Corso

De Danilo Beyruth
232 páginas
Comix Zone | 2022

Danilo Beyruth não se tornou um dos principais quadrinistas brasileiros na última década por acaso. A universalidade de suas histórias entretém públicos de todas as idades. E em Corso, ele demonstra exatamente essa sua essência. A mais recente obra do autor e também a primeira HQ original da Comix Zone é uma aventura divertida, com doses de referências à cultura pop e subtextos com mensagens políticas e sociais.

A trama de animais antropomorfizados segue Corso, um piloto da República dos Cães que acaba de cair em um planeta desconhecido. Nesse ambiente inóspito, ele lida com uma série de situações ameaçadoras, de batalhas contra criaturas estranhas a sobreviver numa tribo de gatos. Este plot é justamente onde se passa grande parte do quadrinho, no qual acompanhamos o protagonista convivendo com uma espécie diferente, de cultura e valores. Beyruth dá um ritmo ágil à história, mas sem ser apressado demais. As situações se desenrolam de forma natural e, aos poucos, o leitor vai compreendendo o que está acontecendo ali.

Como comentamos, a HQ é recheada de referências visuais e narrativas de outras produções da cultura pop. Ao longo da leitura, várias cenas nos lembraram de momentos já vistos em diferentes obras. É muito comum autores se inspirarem em outros para estabelecer seu universo, mas em Corso foram várias passagens em que ficamos com um gostinho agridoce por já imaginarmos como aquilo terminaria. Dito isso, é verdade que essa reciclagem funciona, é natural, bem costurada, e não prejudica a narrativa. No entanto, acabou atrapalhando nosso envolvimento no suspense da trama.

Enquanto isso, nas ilustrações, Beyruth faz o que sabe fazer melhor. Todo desenhado em preto e branco, o quadrinho tem seu ponto forte no visual. Seu traço expressivo, a fluidez de seus quadros e a ambientação são elementos que se destacam.

Corso cumpre bem o papel de entreter enquanto nos imerge uma trama que não tem vergonha de se apresentar como uma colcha de retalhos de referências. Ah, e apesar de parecer uma história em volume único, a conclusão de Beyruth abre espaço para uma continuação.