De Alex W. Inker (Adaptando o livro de Thibault Vermont)
232 páginas
Comix Zone | 2023
Tradução: Fernando Paz
Colorado Train mistura o frescor das histórias juvenis com o tom sombrio dos filmes de terror. O uso da palavra filme não é à toa, afinal, essa é uma HQ pensada quase cinematograficamente, até com trilha sonora. O francês Alex W. Inker adapta, com mudanças, o livro de mesmo nome escrito por Thibault Vermont. Uma dessas alterações é o período em que a obra é ambientada. Se no livro, o cenário era os EUA da década de 1940, na HQ Inker usa os anos 1990 e várias de suas referências para mover a trama.
Uma cidade com famílias miseráveis, adultos desiludidos, e crianças desamparadas, na América profunda. É nesse lugar sem perspectivas de futuro que os adolescentes Michael, Suzy, Donnie e Durham tentam buscar um pouco de distração. Seja nos trilhos do trem, arrumando um pouco de confusão, ou resolvendo um mistério, quando um valentão da escola desaparece, e logo é encontrado morto. Estaria um criminoso à solta, pronto para fazer mais vítimas?
Inker dá ótimo ritmo para a trama. O desenvolvimento é frenético, embalado pela progressão dos acontecimentos. Mesmo que não sejam todos exatamente bem desenvolvidos, e sigam alguns dos estereótipos de histórias clássicas de amadurecimento e amizade, os personagens são carismáticos. Há ótimos pontos de virada da trama, mas algumas pontas soltas podem incomodar. Estamos diante de uma história que não é absolutamente original, mas sim uma produção que sabe usar bem suas referências para conquistar o leitor.
A arte de Inker é marcada pelo contraste entre preto e branco e pelo uso sublime das sombras, sobretudo nas cenas assustadoras. Os cenários escuros nos abraçam durante a leitura, numa imersão completa.
Lançado pela Comix Zone, Colorado Train cumpre tudo o que propõe, sem ter medo de mostrar claramente de onde vieram suas referências. Essa é uma história em que você se afeiçoa e se importa com os personagens, enquanto tem medo de descobrir o que pode vir na próxima página.