De Carmen Maria Machado, Dani e Tamra Bonvillain
160 páginas
Panini Comics | 2021
Tradução: Gabriel Faria
Bosque Profundo, HQ que faz parte da Hill House Comics, selo de terror da DC Comics com curadoria de Joe Hill, traz uma história que chama atenção pela forma como usa o sobrenatural para discutir temáticas sociais e que nos faz refletir sobre o mundo em que vivemos.
Com roteiros da estreante nos quadrinhos Carmen Maria Machado, a trama segue duas adolescentes, El e Octavia, em uma pequena cidade chamada Shudder-To-Think. Nesta região marcada pelas minas de carvão, de atmosfera sombria e cercada por florestas, coisas estranhas acontecem. A história começa com as protagonistas acordando em uma sala de cinema e não se lembrando de nada do que aconteceu nas últimas horas. Essa lacuna na memória e a sensação de ter estado em outro lugar fazem as duas partirem para uma jornada que vai trazer à tona respostas sobre essa estranha cidade.
O início do quadrinho é confuso, principalmente pela mistura do real e fantástico. É um mistério atrás do outro. Mas, aos poucos a história se desenvolve e perguntas são respondidas. O que é mais aterrorizante neste enredo não são os “monstros” que vivem ao entorno da cidade, mas, sim, a natureza humana. Carmen faz um ótimo trabalho introduzindo diversas discussões, sem abandonar a essência do gênero.
Queremos destacar também as protagonistas, personagens carismáticas e fortes, que se recusam a serem vítimas neste ambiente violento. No entanto, uma questão que deixa a desejar é a demora da história para engrenar. O desenvolvimento do enredo é demorado, utiliza de alguns atalhos narrativos e, por mais que o final seja satisfatório, ele acaba ficando desequilibrado.
A arte de Dani colabora para o clima cinzento e a atmosfera desconfortante da história, enriquecida pela paleta de cores de Tamra Bonvillain.
Bosque Profundo é uma obra com muitos ângulos. Sabe aquele quadrinho em que a história não é aquilo que você esperava? Bosque Profundo é um desses.