Berlim

16 janeiro 2021

De Jason Lutes
592 páginas
Veneta | 2020
Tradução: Alexandre Boide

Berlim é um panorama sobre a cosmopolita capital alemã, que viria a se tornar o centro do Terceiro Reich, mas também é uma história sobre gente. Isso, uma história sobre pessoas de carne e osso, que circulam as ruas da cidade, que têm seus medos, suas paixões, seus sonhos. Ao longo de mais de 20 anos, Jason Lutes escreveu uma trama que nos torna próximos de seus (muitos) personagens.

O contexto histórico é crucial aqui. A trama se passa durante os anos 20 e o início dos 30, ou seja, um momento em que a Alemanha era uma República onde fervilhavam ideologias, entre elas o nazismo. E a ascensão do regime fascista está ali à espreita em Berlim, afinal, sabemos os fatos. Sabemos o que irá ocorrer. Porém, Lutes opta por focar em seus personagens diversos para capturar a essência de um tempo.

Conhecemos, logo nas primeiras páginas, Marthe, uma jovem de classe média que parte de Colônia para viver uma vida nova na capital, e o jornalista Kurt Severing. Embora a história tenha vários núcleos (que conversam entre si de maneira sutil), a história dos dois personagens é bastante central para a condução da trama. Marthe descobre em Berlim a liberdade em diversos âmbitos. A cidade passa a ser um símbolo de renovação para ela. Ao mesmo tempo, essa é a mesma cidade que oprime a Sra. Braun, uma mulher que se simpatiza com as ideias comunistas, após perder o emprego. E nessa dinâmica, Berlim nos convida a conhecer essas pessoas. Temos dezenas de histórias dentro de uma só, a da capital alemã.

Sem dúvidas, a arte elegante de Jason Lutes colabora para a leveza da narrativa que, para nós, fluiu muito bem, apesar de se tratar de um calhamaço. O quadrinista também usa recursos interessantes da diagramação para dar ritmo ou representar as emoções e os pensamentos.

Não, Berlim não é uma história sobre como o nazismo tomou a Alemanha. É muito mais do que isso. E um de seus pontos mais interessantes é poder perceber aquele contexto nas vidas dos personagens que nos afeiçoamos. Sobretudo, Berlim nos lembra o quanto a política tem efeito sobre as nossas vidas.

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