De Jim Starlin, Bernie Wrightson e Bill Wray
208 páginas
Panini Comics | 2024
Tradução: Jotapê Martins, Dorival Vitor Lopes e Helcio de Carvalho
Em O Messias, Jim Starlin e Bernie Wrightson constroem uma atmosfera crível para delinear um thriller psicológico corajoso sobre um Batman vulnerável e mentalmente quebrado. Lançada originalmente em 1988, a minissérie de quatro partes envelheceu bem, principalmente por sua releitura única do Homem-Morcego, que não é retratado como um ser indestrutível.
Gotham está de cabeça para baixo devido aos misteriosos desaparecimentos de pessoas. Um grupo de justiceiros está brutalmente matando indivíduos com antecedentes criminais e escondendo seus corpos. Essa seita é liderada pelo carismático Diácono Blackfire, que recruta pessoas vulneráveis e as transforma em seguidores leais para concretizar seus planos. Enquanto isso, Batman se vê impotente, não sendo mais o mesmo. Capturado por Blackfire e submetido ao uso de drogas, o Homem-Morcego se tornou uma de suas vítimas. E para piorar a situação, uma parte da população de Gotham vê as ações de Blackfire de forma positiva, pois acredita que a cidade fica mais segura.
Estamos diante de uma atmosfera de terror, bastante sombria e deprimente. Starlin cria um Batman que certamente não agradará a todos: ele é fraco, indefeso e até mesmo “chorão”. No entanto, esse tom carne e osso nos cativou por todo contexto, as circunstâncias apresentadas são bem sólidas e convincentes.
Ao longo da trama, os autores inserem comentários de repórteres e entrevistas com moradores de Gotham, que servem como um termômetro da situação. É dramático acompanhar as reações. Além disso, essa ferramenta contribui para tornar o enredo ainda mais crível, porque o leitor sabe que realmente existem pessoas que pensam daquela maneira.
No visual, Bernie Wrightson e o colorista Bill Wray aproveitam perfeitamente o clima de terror e ação, apresentando uma versão de Gotham verdadeiramente aterrorizante. Destaque para os momentos de delírios do Morcego.
Batman: O Messias oferece uma abordagem bem diferente do protagonista, retratando um Batman como alguém que pode ser derrotado. Violenta e perturbadora, mas muito autêntica, a HQ entra na lista de nossas leituras favoritas do herói.