De Roberto Recchioni, Werther Dell’Edera e Gigi Cavenago
216 páginas
Panini Comics | 2024
Tradução: Julio Schneider
Batman/Dylan Dog – A Sombra do Morcego é, acima de qualquer outro atributo, um quadrinho divertido. O crossover entre o Homem-Morcego e o Detetive do Pesadelo se ancora principalmente na popularidade dos universos de ambos os personagens. O italiano Roberto Recchioni aposta em diálogos bem-humorados e na agilidade dos acontecimentos para entregar ao leitor uma história cheia de aparições especiais, com um visual encantador elaborado por Werther Dell’Edera e Gigi Cavenago.
Batman e Dylan Dog precisam trabalhar juntos, mesmo que a contragosto, após dois de seus rivais se aliarem, o Coringa e o Dr. Xabaras, em um plano que pode parecer desarranjado, mas, sinceramente, isso pouco importa. Esse é aquele estilo de quadrinho em que somos deixados levar pelo prazer de ver as interações entre os personagens. Recchioni aposta no contraste entre humor e seriedade, algo que pode se tornar até um pouco repetitivo ao final. Algumas participações, como a de John Constantine, roubam a cena e deixam a HQ ainda mais intrigante.
Ao longo da trama, que passa por Gotham, Londres e até pelo inferno, vemos um alinhamento entre o universo super-heroico e o realismo sobrenatural das HQs do Detetive do Pesadelo. Há mais pontos em comum do que se imagina, mas a balança pende para o lado de Dylan Dog, que domina a HQ com seu carisma. Ou, talvez, pelo fato de esse ter sido um projeto liderado pela Bonelli.
A arte de Dell’Edera e Cavenago é dinâmica, cheia de vida e aposta em layouts horizontais, com poucos quadros por página. As cenas de ação são muito bem representadas e as cores, assinadas pelo próprio Cavenago e por Laura Ciondolini e Giovanna Niro, dão um toque vibrante às páginas.
Com uma equipe criativa absolutamente italiana, esse encontro de detetives é um ótimo primeiro contato com narrativas bonellianas para os fãs do Cavaleiro das Trevas. Entretenimento mais que agradável, a HQ mistura um pouco de tudo, e ainda nos deixa com um sorriso no rosto ao final. É preciso pedir mais?