Baby Blue

9 janeiro 2025

De Bim Eriksson
264 páginas
HQueria | 2024
Tradução: Renan Amorim

A sueca Bim Eriksson apresenta em Baby Blue uma distopia memorável de horror que aborda, entre outras coisas, a cultura da felicidade fabricada: a necessidade de parecer sempre bem.

A HQ retrata uma Suécia distópica onde o governo quer controlar as emoções da população, em nome da produtividade. Nessa realidade, a felicidade e o equilíbrio psicológico são exigidos por lei. Qualquer demonstração de sentimentos que são considerados sinais de fraqueza, como ansiedade, desânimo, raiva ou preocupações, são criminalizados. Aqueles identificados com esses “sintomas” são forçados a fazer um tratamento para reeducar a felicidade. Além disso, existe uma censura que limita o acesso a informações sobre saúde mental e proíbe produtos culturais que despertem emoções.

E é nesse universo que conhecemos Betty, uma jovem assombrada por dúvidas e apreensões e, por isso, é forçada a passar pelo tratamento. Durante o processo, ela conhece Berina, integrante da chamada “resistência”, um grupo secreto dedicado a expor os crimes do governo. Essa amizade mudará a vida das duas, abrindo as portas para a liberdade, ou a tentativa dela.

Como em quase toda distopia, há pontos relacionáveis com os dias atuais, especialmente a pressão das redes sociais para aparentar uma vida perfeita. Um ambiente onde a tristeza parece não ter lugar e todos são bem-sucedidos.

Eriksson constrói um ótimo clima de mistério e tensão, com uma narrativa envolvente que prende o leitor até o final. No entanto, um ponto negativo é a chegada do seu desfecho, que destoa do ritmo equilibrado mantido ao longo da história.

A arte talvez seja o ponto que mais pessoas podem torcer o nariz. Com um estilo quase grotesco, proporções exageradas e poucos detalhes, a estética da HQ pode causar estranhamento. No entanto, é esse visual que intensifica o desconforto que a narrativa busca transmitir. É um estilo que casa muito bem com a proposta da obra.

Publicado pela HQueria, Baby Blue é uma experiência verdadeiramente perturbadora. Esta é uma leitura que desafia, com inteligência, a obsessão da sociedade com a felicidade e uma HQ perfeita para quem gostou de O Grande Vazio e Preferência do Sistema.

Gostou da leitura? Ajude o Fora do Plástico

Você não precisa de muito para contribuir com o Fora do Plástico. A partir de R$5,00 mensais, ou seja, um cafezinho, você já está nos ajudando a manter o Fora Plástico.
Quero Apoiar
Carrinho atualizado