De Fabcaro e Didier Conrad
48 páginas
Record | 2025
Tradução: Sofia Soter
Asterix e a Íris Branca é divertido, inteligente e consegue o feito de entreter o leitor com o melhor que a série pode oferecer, aliado a um frescor contemporâneo. Fabcaro tinha uma tarefa difícil quando assumiu o roteiro do álbum mais recente do gaulês mais famoso dos quadrinhos, mas conseguiu imprimir sua marca sem perder o espírito original criado por René Goscinny e Albert Uderzo.
A trama apresenta um novo personagem: Viciovirtudus, médico responsável pelas tropas de César, que nada mais é do que um guru da autoajuda. No entanto, o mais novo desafio que a rebelde aldeia gaulesa deve enfrentar não é apenas um homem, mas sim toda uma ideologia que se espalha por seus habitantes. Frases elogiosas e pensamentos de autoafirmação são apenas parte da estratégia do vilão, que usa a lábia como arma. Uma crítica evidente de Fabcaro à onda de “profissionais” de desenvolvimento pessoal e coaching que surgiu nos últimos anos.
O resultado é uma história bem-humorada, que mantém os jogos de palavras e piadas clássicas que marcam Asterix, ao lado de uma aventura que deixa o leitor vidrado nas páginas. O único ponto que pode, sim, impactar a leitura é o palavreado prolixo de Viciovirtudus, que se torna um hábito por onde ele passa. A consequência é que Asterix e a Íris Branca é definitivamente uma HQ com balões de fala bastante carregados.
Didier Conrad segue nos desenhos mostrando o motivo de ter herdado o posto de Uderzo. Além de saber trabalhar muito bem os movimentos e o humor gráfico, o desenhista é especialmente cuidadoso nos cenários, que são sempre bem trabalhados.
Publicado no Brasil pela Record, Asterix é aquela leitura perfeita para dar gostosas gargalhadas após um dia difícil. Este novo álbum mantém aquilo que tornou a série tão popular e ainda consegue trazer algo a mais. Não à toa as expectativas estão nas alturas para Asterix na Lusitânia, próximo trabalho da dupla.