De Ken Krimstein
234 páginas
WMF Martins Fontes | 2021
Tradução: Rafael Mantovani
Hannah Arendt é uma das principais pensadoras do século XX. Em As Três Fugas de Hannah Arendt, de Ken Krimstein, biografia em quadrinhos da filósofa, temos um prato cheio para quem busca conhecer as ideias e a vida da autora.
Publicada pela WMF Martins Fontes, a obra percorre os pensamentos e vivências da pensadora judia, que já era brilhante ainda muito jovem; que conviveu com diversas personalidades do século passado; e que precisou fugir da Alemanha, e depois da Europa, por causa da ascensão do nazismo.
A história de Arendt é marcada por uma inquietação constante, mas, não somente por isso. A filósofa alemã parece de carne e osso nesta biografia. Krimstein não poupa o leitor das incoerências e defeitos da protagonista. É como se, a partir da vida de Hannah Arendt, entendêssemos melhor a pensadora que ela foi. Se você ainda não teve nenhum contato com a obra da pensadora, este quadrinho é uma maneira fácil, mas não menos impactante, de se aventurar nos pensamentos, nas teorias, de Arendt.
A arte de Krimstein é cartunesca e totalmente em preto e branco, exceto pelas roupas da protagonista, sempre em verde. Os traços do quadrinista são fluidos e trazem um didatismo interessante para a obra. Até porque imaginamos que fazer uma HQ sobre uma filósofa não deve ser tarefa simples. Um ponto que nos incomodou no quadrinho foi o excesso de notas de rodapé. Elas são muito importantes para identificar as muitas personalidades que fizeram parte do convívio da autora e que estão retratados na HQ. Porém, a disposição ao longo das páginas pode tirar o foco do leitor, ao longo da trama.
Em geral, As Três Fugas de Hannah Arendt é uma trama especial para quem gosta de filosofia. Mas vai além disso. A HQ é uma boa forma de apresentar Arendt para um público que talvez nunca tenha tido contato com a autora. E, a partir disso, gerar debates sobre totalitarismo, a condição humana, a verdade, e muitos outros “porquês” da humanidade.