De Lewis Trondheim e Nicolas Keramidas
48 páginas
Panini Comics | 2022
Tradução: Marcelo Alencar
As Mais Loucas Aventuras de Mickey, segundo lançamento da coleção BD Disney, originalmente lançada pela Glénat, e publicada no Brasil pela Panini Comics, traz uma proposta divertida, que envolve até mesmo a produção da obra. Isso porque a HQ é pensada para fazer o leitor crer que está conferindo um resgate de histórias antigas do Mickey, publicado por Lewis Trondheim e Nicolas Keramidas.
De acordo com o prefácio, a dupla teria encontrado em uma venda de garagem mais de 40 volumes de uma história rara, publicada na década de 60, e resolveram compartilhar o “achado” com os leitores atuais. Porém, nem todos os volumes foram localizados, deixando lacunas na HQ.
A verdade é que isso tudo faz parte da ficção de As Mais Loucas Aventuras de Mickey. Apesar do ar nostálgico das histórias antigas, a obra foi inteiramente produzida por Trondheim e Keramidas, que propositalmente deixaram as lacunas que fazem com que o leitor sinta que está lendo histórias perdidas, que precisam ser completadas com sua própria imaginação.
O resultado é uma experiência divertida e inventiva. As histórias têm um humor inocente, que é perfeito para um momento de leitura despretensioso. O roteiro segue Mickey e o Pato Donald em busca da fortuna que Bafo e os Metralhas roubaram de Tio Patinhas. O caminho os leva a cidades perdidas, cavernas pré-históricas, a cidade submersa de Atlântida e até a Lua: cenários para uma aventura leve, que é uma bela homenagem aos personagens clássicos da Disney.
Para transmitir a ideia de que aquelas são realmente histórias dos anos 60 resgatadas, a arte não reproduz apenas a estética, mas também manchas, respingos de café e até mesmo um pedaço de página rasgado. Outro destaque são as cores de Brigitte Finkdakly, que complementam a aura nostálgica e cheia de energia da obra.
Desde o início, As Mais Loucas Aventuras de Mickey se propõe como uma homenagem. Porém, faz isso de uma maneira inventiva, brincando com a própria mídia. A história é simples e inocente, o que a destaca é a forma como foi pensada, da sinopse e prefácio, às “páginas” faltando.