De Raphael Fernandes, Abel e Fabi Marques
88 páginas
Draco | 2020
Em Apagão – Fruto Proibido, Raphael Fernandes usa uma São Paulo após um blecaute para falar sobre temas diversos, em uma trama que mescla aventura e críticas sociais. O primeiro destaque positivo é a maneira como o autor trabalha com as personagens femininas da trama. Em duas gangues, mulheres lutam de lados opostos por aquilo que acreditam ser a melhor forma de sobreviver ao caos que se tornou a cidade após o apagão. É assim que conhecemos a protagonista Heloísa, que lidera As Patinadoras.
Sobre patins, elas lutam contra a truculência da polícia, protegem e cuidam de uma comunidade e seguem a lei que impera em São Paulo após o apagar das luzes: a ação. Raphael trabalha basicamente com protagonistas femininas. São elas que lutam, que entram em conflito, que buscam soluções. E isso é muito bom de ler. Há também um cuidado na abordagem de alguns temas, como por exemplo a transfobia. Os diálogos são bons, apesar de um ou outro parecerem um pouco menos naturais.
Outro ponto positivo da história é como os efeitos do apagão se conectam com a nossa realidade. O surgimento de extremistas, o desamparo dos mais pobres e a truculência da polícia. Isso é um posicionamento claro do autor, mas que não fica forçado na obra ou foge do contexto, tudo é bem pontuado. Temos também que elogiar o trabalho de Abel na arte (muito boa principalmente nas cenas de ação) e as cores de Fabi Marques.
Publicado pela editora Draco, a HQ nos passa a sensação de que poderíamos ler várias edições das histórias de Heloísa, Derby e Malagueta. E sentimos cheiro de continuação desse belo trabalho. Torcemos por isso!