De Marta Breen e Jenny Jordahl
104 páginas
Seguinte | 2023
Tradução: Kristin Lie Garrubo
Marta Breen e Jenny Jordahl repetem em “A queda do patriarcado: O combate ao machismo através dos séculos” aquilo que haviam feito no seu “Mulheres Na Luta”, usar um formato leve e didático para encarar temas complexos que cercam os estudos feministas. As autoras norueguesas viajam no tempo, simplificam conceitos e esclarecem questões como o papel social da mulher ontem e hoje.
O conceito de patriarcado é explorado da forma mais didática possível. A primeira metade da obra é muito bem conduzida, embora precise cair em simplificações e reducionismos pela objetividade da proposta. Seria até injusto encarar esse quadrinho em busca de aprofundamento, a ideia das autoras é apresentar uma leitura bem-humorada e acessível, quase como um primeiro ponto de contato. Para isso, elas se apoiam em pensadoras de diferentes épocas, mostrando que mesmo silenciado, o saber feminino sempre existiu. O ponto alto é quando das autoras pinçam as histórias de algumas mulheres como exemplo do que buscam explicar, é o caso da faraó Hatshepsut, a rainha Cristina da Suécia e a escritora Mary Wollstonecraft.
Além de abordar diretamente o que, afinal, é patriarcado e como ele afeta nossas vidas, a HQ percorre temáticas como slut-shaming, a representação das mulheres em produções audiovisuais e até o conceito de “gênio”, usando Goethe e suas obras literárias como exemplo. É nessa segunda metade que “A queda do patriarcado” parece se dispersar e perder o foco. A condução que, até então, era bem amarrada deixa de lado o caminho que estava trilhando para cair em uma conclusão um tanto abrupta, com pouco espaço para falar do presente.
Por outro lado, a arte de Jenny Jordahl nunca perde o dinamismo e o poder de envolver os olhos de quem lê. O traço caricato é perfeito para conquistar leitores mais jovens (que é, na verdade, o público ao qual a obra é destinada) e trazer a carga de humor que é destaque na HQ.
Publicado pela Seguinte “A queda do patriarcado” funciona como um bom material introdutório ao tema. Mesmo com um desequilíbrio no desenvolvimento do final do gibi, Breen e Jordahl fazem com que um assunto sério e necessário se torne uma leitura muito gostosa.