De Marco Kohinata (Adaptando livro de Mina Sakurai)
176 páginas
JBC | 2025
Tradução: Cristhielle Ogura
Delicado e sensível, A Prisão no Céu é daquelas leituras em que o tempo passa voando. O mangá de Marco Kohinata, que adapta o livro de mesmo nome de Mina Sakurai, é uma história sobre mudanças, relações e preconceitos, ambientada em um salão de beleza, dentro de uma penitenciária feminina. Apesar do tema, a trama não soa dramática ou exagerada e sabe como cativar o leitor.
Shiho Ashihara é uma repórter exausta pela rotina, que vive uma crise pessoal. É por meio dela que iremos conhecer o salão de beleza, quando uma pauta sobre o local é sugerida à jornalista. Com as paredes pintadas com a imensidão do céu, o ambiente não parece fazer parte de uma penitenciária e atende mulheres de fora da prisão. A única cabeleireira é a detenta Haru Komatsubara, uma jovem habilidosa e gentil. Ela é como uma protagonista sutil, afinal, todas as histórias de cada um dos capítulos do mangá passam por ela. No entanto, sempre estamos em contato com Haru através do olhar de outras pessoas.
Marco Kohinata busca a sutileza ao focar nas transformações, sejam elas macro ou micro, nas pessoas que frequentam o salão. Ao mesmo tempo, é possível sair da leitura com a sensação de que um pouco mais de aprofundamento sobre aquele local e a condição das detentas seria bem-vindo. É uma leitura agradável, quase inocente. Essa positividade, que pode incomodar alguns, pode ser justamente o conforto que outros buscam.
A arte de Kohinata é tão sensível quanto o roteiro, com um visual elegante, em que os olhos são muito expressivos. Destaque para os cortes de cabelo, que carregam toda uma simbologia intrínseca à trama.
Publicado pela JBC, A Prisão no Céu pode não ser um mangá que preencha todas as necessidades do tema, ao abordar o cenário de uma penitenciária feminina, porém é uma história que carrega toda a sensibilidade e afeto que uma personagem como Haru Komatsubara merece.