De Emmanuel Guibert
336 páginas
Zarabatana Books | 2012
Tradução: Claudio R. Martini
A Guerra de Alan segue as honestas memórias de Alan Ingram Cope, um americano já idoso que relata suas experiências durante a Segunda Guerra Mundial. Relatada em quadrinhos por Emmanuel Guibert, as situações estão muito distantes de serem semelhantes às que vemos em filmes e livros sobre o assunto. A participação de Cope na guerra não foi repleta de confrontos violentos ou atos heróicos. Na verdade, são a honestidade e realismo desses episódios que brilham em A Guerra de Alan.
Além de trazer sua experiência com o período de recrutamento e também com o pós-guerra, Alan é um narrador que transmite uma leveza até curiosa para as situações narradas. É como se sua passagem pelos campos da França, Alemanha e Tchecoslováquia no período em que a guerra já se findava, fosse completamente despretensiosa. É possível dizer que ele saiu praticamente intacto dos desafios e horrores do conflito.
Diante disso, Guibert em momento algum tenta trazer um heroísmo descabido para a trama. Ele mantém a narrativa com as palavras de Alan e sentimos como se estivéssemos ao lado do quadrinista, escutando as histórias desse ex-combatente completamente lúcido. Guibert emprega traços em preto e branco que muitas vezes roubam a cena, principalmente quando o artista reproduz os cenários da trama.
Na nossa opinião, a Guerra de Alan perde um pouco o fôlego no seu final. A trama segue os passos de Alan no pós-guerra e as passagens passam a ser mais contemplativas, com reflexões sobre as decisões e as mudanças que o protagonista foi sofrendo ao longo dos 40 anos que se seguiram. Não são situações desinteressantes, mas devemos confessar que sentimos uma quebra no ritmo da HQ.
A Guerra de Alan é uma trama que pode ser uma história particular, a vida de uma pessoa comum. Não, este não é um quadrinho sobre combates, essa é uma história de guerra só que de uma maneira pouco convencional.