De Fernanda Veríssimo e Eloar Guazzelli
96 páginas
Quadrinhos na Cia. | 2022
Um quadrinho perfeito para apaixonados por História, A Batalha, de Fernanda Veríssimo e Eloar Guazzelli, retrata a batalha fluvial de Mbororé. Revisitando o passado, a dupla desenvolve um tema que ainda segue em pauta: a defesa das terras indígenas.
O ano é 1756, forças guaranis da redução de São Luís decidem resistir ao tratado de Madri e lutar contra as coroas de Portugal e Espanha para permanecerem em seus territórios. Um conflito entre guaranis e tropas ibéricas se avizinha e, às vésperas da batalha, um padre jesuíta e o guarani Nicolas contam a uma criança indígena, Inácio, sobre uma outra guerra travada há mais de cem anos, a batalha de Mbororé.
Em um português que remete aos tempos em que a trama é ambientada, a HQ calcula milimetricamente balões de fala e recordatórios. Ao contrário do que estamos acostumados a ver em algumas obras que retratam períodos históricos, o quadrinho não dedica muito tempo à contextualização. Aos poucos, à medida em que avança na trama, é que o leitor vai compreendendo a natureza dos eventos abordados. A economia no texto também se reflete ao longo das páginas. É a arte de Guazzelli que embala o leitor no presente e no passado.
Para distinguir os dois tempos, o desenhista traz os idos de 1641 em uma cor amarronzada, enquanto 1756 é retratado em um tom de laranja avermelhado. Há também algumas sobreposições gráficas que evidenciam como a história se repete (e segue se repetindo até hoje).
Publicada pela Quadrinhos na Cia. A Batalha é uma leitura rápida e envolvente. Destaque para o posfácio de Francisco Doratioto, que detalha os fatos retratados no quadrinho, reforçando o seu caráter histórico e a pesquisa cuidadosa de Fernanda Veríssimo. Em pouco mais de 90 páginas conhecemos um traço da história latino-americana que ainda pouco ouvimos falar.