De Juni Ba
180 páginas
Skript | 2021
Tradução: Márcio dos Santos Rodrigues
Com uma comunicação visual expressiva e única, Djeliya – Uma Fantasia Épica Africana, de Juni Ba, apresenta, por trás de uma história bem ao estilo jornada do herói, uma fantasia repleta de significados em seus subtextos, imagens e símbolos. Inspirado no folclore ocidental-africano e com um toque futurista, Ba é inventivo no enredo e na arte. No entanto, o roteiro nos pareceu caótico demais, tornando difícil acompanhar tudo que estava acontecendo na trama.
O cenário é um mundo destruído pelo poderoso feiticeiro Soumaoro, que logo depois do massacre se retirou para sua torre e nunca mais foi visto. É neste mundo pós-apocalíptico que seguimos a jornada Mansour, o último herdeiro deste reino moribundo, e Awa, sua leal Djeli, uma espécie de conselheira. Enquanto atravessam o mundo em direção à torre, os dois vão se envolver em várias aventuras, revisitarão lendas e contos e aprenderão mais da origem do seu povo. Ao longo da leitura, críticas ao autoritarismo conectam a fantasia da obra ao mundo em que vivemos.
É possível notar como a cultura e o folclore de Senegal e de outros países da costa oeste africana foram pouco apresentados a nós. Assim, Juni Ba nos insere em um universo que celebra essa riqueza cultural por meio de tradições, símbolos e também das escolhas gráficas, com destaque para o material informativo, ao fim do quadrinho. Apesar disso, é preciso dizer que a trama nem sempre é simples de acompanhar. O fluxo da narrativa é excessivamente complexo, com muito acontecendo na página. Em cenas de batalha, por exemplo, é difícil compreender.
O visual de Djeliya é uma atração à parte. Com um traço estilizado, Ba cria uma ambientação carregada de influência dos desenhos do Cartoon Network da década de 2000, mas com muita personalidade e referências próprias.
Djeliya é a primeira obra do senegalês Juni Ba, um quadrinista muito promissor que trouxe visibilidade para uma região pouco vista nos quadrinhos. Com uma trama bem-humorada e recheada de ação, a HQ faz uma mescla entre gêneros para abordar ancestralidade, poder e responsabilidade.