De Ben Passmore
64 páginas
Veneta | 2024
Tradução: Mateus Potumati
Esporte é de Matar talvez não seja exatamente sobre esporte… Na verdade, a HQ alucinante de Ben Passmore usa esse assunto como ponto de partida para abordar a panela de pressão social e política dos EUA, mas que se aplica a vários outros cenários.
A final do campeonato de futebol americano, o Super Bowl, é um evento marcante na cultura estadunidense e justamente por isso o autor escolhe esse acontecimento para ser confluente dos mais distintos grupos sociais. Quando o jogo está no ápice, com um touchdown decisivo, um apagão toma conta da cidade.
A partir disso, a sequência de eventos é caótica e vários dos personagens com os quais nos deparamos nas primeiras páginas do quadrinho vão se tornar agentes dessa confusão toda. Membros do movimento negro, um casal riponga, policiais, grupos extremistas, há um pouco de tudo. Passmore brinca com estereótipos e satiriza as interações entre esses grupos de pessoas. A verdade é que Esporte é de Matar é completamente centrado nessa dinâmica de personagens. É ali que a história está sendo contada, mesmo que não siga muito um senso lógico.
A execução desse experimento social em dia festivo se torna mais interessante à medida que compreendemos a proposta. Mas é inegável que, em certo ponto, a dinâmica se torna limitada. Uma vez que entendemos a sátira, a história parece não ter muito mais para apresentar.
A arte de Ben Passmore tem um carisma especial, com um traço cartunesco cheio de curvas. O amarelo, única cor presente na HQ, desde a capa dá destaque às páginas, principalmente nas cenas em que o preto toma conta.
Publicado pela Veneta, Esporte é de Matar não é aquele quadrinho em que se deve procurar sentido nos acontecimentos. É preciso deixar fluir e embarcar na proposta nonsense, mas completamente mergulhada na realidade.