De Nathan Cowdry
136 páginas
Veneta I 2022
Tradução: Cris Siqueira
Quando folheamos Rosie na Floresta, a primeira coisa que vem à cabeça é o humor ácido e provocativo dos quadrinhos de Simon Hanselmann. No entanto, a comparação não passa desse olhar rápido pelo roteiro nonsense e personagens estranhos. Em Rosie na Floresta, de Nathan Cowdry, a aventura maluca não tem a mesma naturalidade do enredo das obras de seu “padrinho” Hanselmann. É tudo gratuito, sem rumo.
A história começa com um casal de cristãos se casando em um barco na Amazônia. Logo, avistam um cachorro amarrado entre as árvores, sangrando, com as tripas para fora. Em uma clínica veterinária na Colômbia, esse cachorro, chamado Denton, recupera a consciência e lembra os acontecimentos. A partir daí, Cowdry nos leva para uma trama maluca por meio de flashbacks recheados de absurdos.
Na arte, é evidente a inspiração em mangás, principalmente na caracterização dos personagens. Algumas cenas são particularmente desconfortáveis pelo fato de as personagens parecerem infantilizadas, enquanto outras funcionam bem com o contexto nonsense apresentado (a maioria envolvendo o cãozinho Denton).
O grande problema de Rosie na Floresta, na nossa visão, é a falta de substância. São vários elementos jogados de qualquer maneira, sem a menor preocupação em dar uma consistência para aquilo. A impressão é que o autor desenvolve a sua história apenas para chocar, mas acaba deixando o roteiro vazio e gratuito, principalmente no terço final da obra.
Diferente de Zona de Crise e Mau Caminho, obras de Simon Hanselmann, também publicadas pela Veneta e que sabem trabalhar o humor pervertido e “caótico”, Rosie na Floresta apenas não convence.