De Mark Russell, Michael Allred e Laura Allred
264 páginas
Panini Comics | 2023
Tradução: Gabriel Faria
Como consequência de 85 anos de histórias, é inevitável discutir as mais relevantes aventuras do Superman. O que difere uma das outras, para além do gosto individual de quem lê, é a forma como a HQ interage temas próximos do leitor com a mitologia do personagem. E Superman: A Era Espacial faz isso muito bem, tratando sobre a existência, o propósito de cada um e a brevidade da vida. Dilemas individuais e coletivos andam lado a lado nesse quadrinho que não se esquece de ainda ser um bom entretenimento.
Escrita por Mark Russell, a história começa com a destruição da Terra, em 1985. Logo na sequência voltamos para Smallville, em 1963, quando Clark Kent decide se tornar o Superman. Durante essas duas décadas acompanhamos o amadurecimento do herói. E mesmo já mostrando aquilo visto inúmeras vezes – a chegada a Metrópolis, a relação com Lois Lane, a Liga da Justiça… – o grande barato é a forma como o autor consegue nos tocar com questões existenciais. Isso porque Clark descobre que o mundo vai acabar em um futuro próximo, e não há nada que ele possa fazer.
Ao longo da HQ, testemunhamos o herói discutindo o seu propósito na Terra. São reflexões que se relacionam conosco, e abrem espaço para pensarmos sobre a efemeridade da vida. É interessante ver o personagem diante dessa situação, tentando encontrar sentido, enquanto o mundo está em contagem regressiva. Um enquadramento só possível com o Superman por ser tão poderoso e humano.
Superman: A Era Espacial é uma leitura dramática. Só que Mark Russell não deixa soar piegas, ele controla bem o tom da HQ. O Homem de Aço é o fio condutor da história, que não perde a oportunidade de inserir vários outros heróis e vilões.
Os desenhos ficam a cargo de Michael Allred, que tem um traço bem marcante. No entanto, é um estilo que não nos agrada, pelos movimentos estáticos e algumas escolhas anatômicas. Em compensação, a diagramação é bem versátil.
Superman: A Era Espacial é uma obra destinada a se fixar na história do personagem. Não que fosse necessário humanizá-lo, afinal, essa já é uma característica do Superman, mas Russell consegue deixá-lo ainda mais próximo das pessoas comuns, como nós.