De Juan Giménez
192 páginas
Comix Zone | 2023
Tradução: Fernando Paz
Em Eu, Dragão, Juan Giménez constrói uma trama complexa, com múltiplos arcos, e que exige paciência do leitor, a princípio. Porém, essa mesma paciência é recompensada, com um enredo envolvente, um deleite para fãs de fantasia medieval.
O castelo de Rosentall está em clima de festa por causa do aniversário do Rei Belmonth. Entre os convidados estão o príncipe Rob de Norfolken e um grupo de artistas circenses. Integrante deste grupo, Valka está prestes a dar à luz, além de carregar uma doença misteriosa. Enquanto isso, do lado de fora, em meio aos tremores do vulcão Ferona, onde vive o dragão Madragon, um numeroso exército liderado por uma mulher que quer tomar o trono do reino prepara a invasão. Tudo isso apenas nas primeiras páginas deste conto épico.
A primeira coisa que realmente precisa ser dita sobre “Eu, Dragão” é que é necessário vencer as primeiras 20 páginas, para depois desfrutar a história. São muitos acontecimentos ao mesmo tempo, no início da HQ, uma infinidade de personagens, e tudo pode parecer confuso e lento. Porém, aos poucos, todos os arcos vão se entrelaçando. Apesar do enredo abranger muitos personagens, Gimenez trabalha bem o background de cada um deles. Não que ele se aprofunde tanto, mas o suficiente para entender suas motivações.
Contada por um narrador onisciente em primeira pessoa, o filho de Valka, a trama tem seu desenrolar cheio de mistérios e intrigas, mantendo o leitor engajado. As mudanças de perspectiva e arcos abertos funcionam para fazer com que acompanhemos todos os pontos de vista dessa história. É difícil não mergulhar na trama.
Visualmente o quadrinho também impressiona. Juan Giménez, longe de seu habitat de ficção científica, demonstra estar à vontade desenhando cenários medievais. Ele consegue nos fazer viajar em cada quadro e splash-pages, que dão realismo à ambientação.
Eu, Dragão chega ao Brasil em edição integral, pela Comix Zone. Carregado de elementos clássicos das fantasias medievais, a HQ não esbanja originalidade, mas quando a história e os desenhos são tão bons, isso realmente não importa.