De Yuri Moraes e Bruno Guma
224 páginas
DarkSide Books | 2022
Bully Bully, de Yuri Moraes e Bruno Guma, é um quadrinho construído em torno de traumas, expectativas e redescoberta. Uma jornada sem balões de fala, existencialista e bem lisérgica. Nem sempre é possível notar um propósito claro e, honestamente, não sabemos se conseguimos entender completamente a HQ. É uma daquelas obras em que nem tudo está à vista.
Três histórias, um mesmo protagonista, em diferentes momentos da vida. Com uma narrativa repleta de metáforas e simbolismos, vemos esse personagem lidando com feridas, seja no amor, nos objetivos pessoais ou em sua rotina como um todo. Estamos diante de alguém tentando encontrar seu lugar no mundo. O roteiro vagueia sobre isso em um tom esquisito, de forma que não nos permite diferenciar o que é realidade ou fantasia. É possível perceber que são boas ideias, mas o desenrolar infelizmente não nos convenceu. Há um objetivo maior, mas ele é sempre coberto por camadas de situações excêntricas, o que acabou nos afastando do impacto que a obra poderia gerar.
Os desenhos de Bruno Guma apresentam um estilo claramente influenciado por Charles Burns, contrastante e intenso nas sombras. A arte em preto e banco, atrai o olhar logo de início e trabalha bem a narrativa gráfica, mesmo que alguns trechos pareçam visualmente confusos, principalmente se estivermos buscando conexões entre as três histórias.
Publicado pela DarkSide, Bully Bully traz uma visão que beira o pessimismo. É um olhar trágico, mas ao mesmo tempo carregado de outros sentimentos que pairam, sem se fazer muito claros. O que é inegável é que essa é uma obra que provoca o leitor, embarcando na viagem ou não.