De Nora Krug
288 páginas
Quadrinhos na Cia. | 2019
Tradução: André Czarnobai
Completamente envolto em memórias, Heimat é uma obra densa. A alemã Nora Krug divide conosco um diário em busca de sua “heimat”. A palavra alemã que significa “uma paisagem ou localidade real, imaginária ou construída, à qual uma pessoa associa uma sensação imediata de familiaridade” não só dá nome ao livro como também marca cada página. Após viver por anos nos Estados Unidos, a autora resolve revirar os baús de sua família para entender suas origens.
Nascida algumas décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial, Nora viu a sombra do nazismo sempre espreitar sua geração. Um sentimento estranho, de quem não se sente digno de poder sentir orgulho de sua nação. Nação esta que causou sofrimento a milhões em um passado não tão distante. O assunto nunca foi tema na família da autora, mas uma dúvida cruel ocupava sua cabeça acerca do papel de seus avós e parentes durante o regime de Adolf Hitler.
As perguntas nos textos em primeira pessoa de Nora nos colocam para pensar em sua realidade. Afinal, deve ser um martírio viver sem respostas para o papel de sua família em um período tão marcante e triste da história alemã. É inevitável também refletir sobre a crueldade nazista, que jamais pode ser esquecida, enquanto algumas passagens remetem ao Holocausto.
Em um formato que é meio caderno de anotações, meio diário e meio gibi, Nora transita entre mídias para causar um efeito certeiro no leitor. O de impacta-lo com suas descobertas. Assim como a busca da autora, sua narrativa é intensa e às vezes lenta. É preciso respirar para absorver tudo.
Heimat está longe de ser um quadrinho em seu formato tradicional. Muito pelo contrário, a obra é um formato independente, que serve perfeitamente à função de nos imergir na história de Norma, sua família e seu país.