De André Kitagawa
120 páginas
Monstra | 2021
Além de ser a estreia da Editora Monstra, Risca Faca marca o retorno de André Kitagawa aos quadrinhos, em uma história que brinca com absurdos e escancara realidades. Dividido em três histórias não tão distintas, observamos os acontecimentos do cenário extremamente urbano da capital paulista, com foco no subúrbio. Esta é uma obra que trabalha com contrastes, mesclando ao realismo situações que primeiro nos deixam incrédulos.
Zoinha, Ryta, Piru, Jamorreu… os personagens de Risca Faca são incrivelmente complexos, dado o tamanho do quadrinho. É como se já os conhecêssemos de algum lugar, é como se já os tivéssemos visto por aí. E não há muito o que dizer sem afetar a experiência de leitura de quem ainda não teve seu primeiro contato com Risca Faca. A melhor parte desta leitura é poder experimentá-la.
Sem dúvidas, um dos destaques da obra está na sua narrativa inteligente, que instiga o leitor. Inclusive, é interessante que Risca Faca seja relido, afinal, é em uma segunda leitura que você percebe todos os detalhes que Kitagawa estava construindo desde o princípio.
A HQ ainda conta com uma arte incrível, em tons de cinza, com enquadramentos diversos. Ela é parte crucial da ambientação suja, dos aspectos violentos, da sensação de caos que toma o quadrinho.
Risca Faca é uma bela estreia e um belo retorno. Uma obra que não nos subestima e consegue ser crua, crítica e ao mesmo tempo surreal e criativa.