De Fabien Toulmé
256 páginas
Nemo | 2021
Tradução: Fernando Scheibe
A Odisseia de Hakim, de Fabien Toulmé, nos levou, ao lado do refugiado sírio, a conhecer a desoladora realidade de muitos ao redor do mundo. Neste terceiro volume, chegamos à etapa final da jornada do protagonista e de seu filho, o pequeno Hadi, que está rumo à França para reencontrar sua esposa. Novamente, vivemos situações agoniantes e nos envolvemos com aquilo. Ler A Odisseia de Hakim é sentir mais perto de nós uma dor que não conhecemos.
O trabalho de Toulmé é sensível e cuidadoso. Embora o quadrinista também se insira na história, durante as entrevistas com o sírio, é de Hakim o protagonismo absoluto. E isso é essencial para que a história flua bem. O ritmo da trama continua sendo envolvente, mesmo após termos acompanhado essa jornada por dois volumes antes, todos lançados no Brasil pela editora Nemo.
Destaque para os planos mais abertos, que muitas vezes ganham uma página inteira para demonstrar a dimensão de determinados acontecimentos e a pequenez de Hakim e seu filho diante disso (o que contrasta entre a divisão em 6 quadros que é frequente na HQ). É como se Toulmé nos lembrasse que Hakim é apenas um dos milhões que protagonizam a crise dos refugiados. Algo que perdura há anos e é muito maior do que eles.
Sem dúvidas, para nós, a trama deu um rosto a um problema que, até então, pela cobertura midiática, conhecíamos apenas pelos números. O mais importante aqui é não somente entender que qualquer um pode se tornar um refugiado, mas também perceber que cada um deles tem um nome, uma família, uma série de vivências antes e depois de deixar seu país. E é exatamente isso que Toulmé nos apresenta do primeiro ao último volume dessa odisseia.