De Xavier Dorison, Ralph Meyer e Caroline Delabi
332 páginas
Pipoca & Nanquim | 2024
Tradução: Fernando Paz
Undertaker poderia ser descrito como um faroeste com um toque europeu. Com roteiro de Xavier Dorison, desenhos de Ralph Meyer e cores de Caroline Delabie, o quadrinho brinca com vários dos elementos familiares do gênero, mas também adiciona ingredientes novos.
Jonas Crow nos conduz pelo Velho Oeste. Como coveiro itinerante, ele viaja de cidade em cidade prestando seus serviços funerários. O coração da série está justamente nessa dinâmica: a cada dois volumes, Jonas, enquanto tenta cumprir seu trabalho, acaba se envolvendo, muitas vezes contra sua vontade, em uma missão inesperada. Porém, ele não é um “papa-defunto” qualquer. Com o passado militar, Jonas é cínico, frio e habilidoso em sobreviver aos conflitos que surgem em seu caminho.
Esses episódios percorrem bem os clichês do gênero, mas nunca subestimam o leitor. Roubos, embates com povos originários, romances proibidos, recompensas e traições, o leitor encontrará tudo isso e muito mais, em enredos cheios de reviravoltas que mantêm o interesse ao longo da história. É importante destacar que Dorison oferece elementos fundamentais para o sucesso da narrativa: o desenvolvimento dos conflitos e motivações dos personagens, deixando bem claro o propósito de cada um. Além disso, há um tom que remete aos filmes dos irmãos Coen, com momentos leves, de humor maluco, entrelaçados com outros mais sérios e violentos.
Apesar de a cada duas edições um arco ser formado, as tramas não soam repetitivas. Os criadores utilizam muito bem esse modelo episódico para cultivar o próprio universo da série e manter as coisas em movimento.
Undertaker é embalada pela exuberante arte de Ralph Meyer e Caroline Delabie. A série não está na primeira prateleira apenas pelo roteiro inspirado, mas também pela ambientação que traz do Velho Oeste. Tanto próximo da imagem tradicional que temos, quanto distante dela.
Lançado pela Pipoca & Nanquim, que compilou seis edições em um único volume, Undertaker é uma série que reverencia seu gênero, mas que também é inteligente o bastante para subvertê-lo. Aqui, a violência choca, mas também diverte.