De David L. Carlson e Landis Blair
464 páginas
DarkSide Books | 2022
Tradução: Bruno Dorigatti e Paulo Raviere
Uma História Real de Crime e Poesia, quadrinho publicado pela DarkSide Books, é uma história intensa do começo ao fim. Escrita por David L. Carlson, a trama acompanha inicialmente Charlie Rizzo. Ainda criança, após a morte da mãe, ele passa a morar com seu pai, Matt Rizzo, um homem cego e erudito. Um leitor voraz, que inicialmente parecia um mistério para o filho. O jovem Charlie acreditava que seu pai havia ficado cego devido a um acidente de caça, porém a verdade sobre a fatalidade que tirou a visão de Matt é revelada, quando o garoto chega à adolescência.
Matt Rizzo na verdade havia ficado cego em um assalto, que o levou diretamente para a prisão de Stateville. Lá, ele dividiu cela com Nathan Leopold, um dos criminosos mais famosos dos Estados Unidos, na época. Esse encontro é um divisor de águas na vida de Matt e um dos pontos centrais do quadrinho. É Leopold quem apresenta o poder da arte e da literatura para o colega de cela, completamente desiludido, após perder a visão.
Intimamente relacionado a A Divina Comédia, de Dante, o quadrinho tem um ritmo incrível, que nos deixa completamente imersos na história. À medida que Matt relata suas experiências em Stateville, vamos nos conectando a ele, à sua jornada pessoal. Isso também se deve à arte inventiva e absolutamente marcante, cheia de hachuras e contrastes, de Landis Blair.
É curioso perceber como Uma História Real de Crime e Poesia, que tem (em boa parte da trama) uma prisão como pano de fundo, seja uma obra tão humana, apesar desse ambiente inóspito e desumanizador.
Ao mesmo tempo que vemos, refletido na vida de Matt Rizzo o poder transformador da imaginação, acompanhamos uma história que não é apenas sobre esse homem, mas também sobre sua relação com o filho, com a própria condição e com o intimidador Leopold.
Drama familiar, relato de resiliência, true crime, carta de amor à arte. Uma História Real de Crime e Poesia é tudo isso e só consegue fazê-lo, só atinge sua amplitude, porque é contada em quadrinhos.