De Emanuele Arioli e Emiliano Tanzillo
104 páginas
Nemo | 2024
Tradução: Renata Silveira
Quando o medievalista Emanuele Arioli descobriu o fragmento de um manuscrito com uma lenda da Távola Redonda, ele estava diante do começo de uma busca que duraria 10 anos para reconstruir as partes dessa história perdida. Poderia ser a trama de um quadrinho por si só, mas a pesquisa de Arioli rendeu três obras que recontam a lenda do cavaleiro Segurant: um romance, um livro infantil e a HQ O Cavaleiro do Dragão.
Um órfão celta que descobre aos poucos seu destino mágico, o jovem Sivar (uma mudança em relação ao nome do cavaleiro) se vê diante de uma missão guiado por um dragão mágico que somente ele pode enxergar. Enquanto o Rei Artur celebra a paz, Morgana traça um plano obscuro, ressentida pelos cultos antigos terem sido banidos por seu meio-irmão. Em busca do Santo Graal para deter a feiticeira, nosso protagonista se depara com amizades e perdas que ficarão marcadas para sempre.
É preciso dizer que a adaptação de um manuscrito medieval para os quadrinhos deve ser uma tarefa árdua. Há muitas diferenças entre as duas linguagens e vários ajustes e mudanças são necessários para que a HQ tenha fluidez. Se por um lado, Arioli consegue nos imergir no universo fantástico do conto, por outro, o ritmo do quadrinho sofre com as transições abruptas, além de ter pouco espaço para desenvolver os personagens.
Com o intuito de popularizar a história que descobriu, o autor aproxima seu roteiro de um tom mais juvenil, o que torna o quadrinho uma boa pedida para esse público. Isso é perceptível quando O Cavaleiro do Dragão esbarra no humor e em alguns diálogos que podem soar juvenis para leitores adultos.
O trabalho de Emiliano Tanzillo na arte é responsável por trazer um ar mais moderno para a lenda, algo que conversa com a proposta de Arioli no texto. O visual se aproxima mais da fantasia dos jogos de videogame e de animações do que de um clássico medieval do quadrinho franco-belga.
Publicado pela Nemo, O Cavaleiro do Dragão é uma leitura agradável, que tem seus bons momentos, mas não chega a instigar o leitor ou desafiá-lo. Ainda assim, é possível que encante os fãs do gênero e, principalmente, jovens leitores.