De James Sturm, Guy Davis e Michel Vrána
128 páginas
Panini Comics | 2024
Tradução: Gabriel Faria
O Quarteto Fantástico: Moléculas Instáveis é um quadrinho atípico para a mais famosa família Marvel. Uma leitura dedicada não às aventuras poderosas e aos grandes combates, mas, sim, a quatro pessoas traumatizadas que nunca se tornaram super-heróis.
Escrito por James Sturm e desenhado por Guy Davis, a HQ se faz passar por uma biografia. Até é apresentado como “baseado em eventos reais”, mas este é apenas um pretexto para o enredo completamente fictício dos autores, que brincam com um mito de que as vidas de uma família real inspiraram o primeiro supergrupo da Marvel, criado por Stan Lee e Jack Kirby.
Estados Unidos, década de 1950. Somos apresentados a Reed Richards, um professor envolvido em pesquisas científicas, mas sempre ausente, principalmente com sua namorada Sue, que após a morte de seus pais, se vê obrigada a cuidar do irmão rebelde, Johnny. E, por fim, temos Ben Grimm, um mulherengo treinador de boxe, que não conseguiu encontrar a felicidade. Com cada uma de suas quatro edições focando em um personagem diferente, o quadrinho convida o leitor a acompanhar as relações tempestuosas e os sentimentos destas pessoas comuns, no conservador EUA do período. Personagens independentes uns dos outros, mas afetados pela presença de cada um.
São momentos conturbados e pessimistas, que atingem seu ponto mais alto no capítulo de Sue. Porém, se há algo que poderíamos questionar é o fato da HQ trazer uma sensação de história incompleta, de uma pequena fração na vida desses protagonistas. Você com certeza vai ficar querendo ver mais.
A arte de Guy Davis tem um estilo que realmente combina com a proposta realista do quadrinho e a sensação retrô da época é evocada pelas cores planas de Michel Vrána.
Se você está procurando uma história em quadrinhos sobre heróis, Moléculas Instáveis não é nada disso. Temos aqui uma visão única do Quarteto no contexto de eventos reais, uma experiência diferente, na qual infelizmente ou felizmente, nada é fantástico.