De PowerPaola
112 páginas
Lote 42 | 2022
Tradução: Nicolás Llano Linares
Todas as Bicicletas que eu Tive flerta com gêneros distintos em uma autorreflexão da autora, PowerPaola. Como a sinopse bem apresenta, as bicicletas aqui são, além de extensões da quadrinista equatoriana, também as musas que a levam para o passado. Vemos, assim, uma série de memórias: amores, amizades, despedidas, acontecimentos marcantes.
Power Paola se abre para o leitor e usa o quadrinho como um diário, como já havia feito em qp e Vírus Tropical. Todas as Bicicletas que eu Tive chega a se assemelhar, inclusive, com um ensaio. A autora explora o passado sem se ater à linearidade: vamos passando pelos anos, fora da ordem cronológica, e por diferentes locais (Quito, Cali, Paris, Buenos Aires e outros) e diferentes bicicletas. Mesmo que haja um fio condutor, ele não é tão aparente e a HQ pode parecer até episódica demais. É como se pulássemos de um ano para o outro, sem que a memória anterior soasse concluída.
A arte de Power Paola é bastante característica e pode não agradar a todos, principalmente quem não teve contato com as outras obras da autora lançadas por aqui. As proporções e as dimensões são muitas vezes subvertidas, com um quê underground. Você pode não achar os desenhos bonitos, mas é inegável que são expressivos.
Lançamento da editora Lote 42 (que já havia lançado qp)Todas as Bicicletas que eu Tive é uma leitura bastante fluida, íntima, em que mais uma vez a autora se desnuda para que observemos seu passado, seus relacionamentos, aspectos de sua vida. Não é uma obra que nos encantou completamente, mas é, sem dúvidas, um trabalho autobiográfico muito honesto.