De Daniel Warren Johnson e Mike Spicer
192 páginas
Devir | 2024
Tradução: Giovana Bomentre
Não é preciso conhecer ou sequer se interessar por luta livre para ficar vidrado em Powerbomb: Faça uma Superbomba, de Daniel Warren Johnson e Mike Spicer. O carisma da história de Lona Rosa de Aço é o suficiente para tornar essa leitura uma jornada louca e épica. Porém, tudo isso é o verniz costumeiro do quadrinista para render uma trama emocionante, como havia feito com o heavy metal, em Murder Falcon, também lançado pela Devir.
Quando era menina, Lona viu sua mãe, Yva Rosa de Aço, ser fatalmente golpeada em uma luta. O luto mudou para sempre a relação da jovem com o pai e deu a ela motivos para honrar o legado da mãe e tentar se tornar uma lutadora de sucesso. Porém, uma proposta inesperada surge, vinda do poderoso necromante Willard Necroton: a protagonista poderia trazer Yva de volta à vida, caso vencesse um torneio de luta livre intergalático em duplas. Seu parceiro? O homem que acidentalmente matou sua mãe.
É preciso abraçar os absurdos de DWJ para sentir todas as emoções de Powerbomb. O quadrinista sabe exatamente como trabalhar o ritmo para que, apesar da fantasia caótica na qual o leitor está mergulhado, a base da trama seja fortalecida. Segredos e revelações são cruciais, entrelaçados por golpes mirabolantes e cenas de ação.
A arte de Warren Johnson, exagerada e repleta de inspirações dos mangás, é exatamente o que o quadrinho precisa para uma imersão completa de quem lê. Os golpes, a caracterização dos lutadores, sua expressão corporal: tudo é parte daquilo que nos convence da autenticidade deste quadrinho. As habituais cores de Mike Spicer também são dignas de nota, sempre vibrantes e enérgicas.
Cada lutador tem um propósito por trás de piruetas seguidas de pancadas e hematomas. O que Powerbomb traz é a união entre a dor física e as dores do íntimo: o luto, a culpa, os laços rompidos. É possível sentir o peso de ambos, enquanto vemos uma garota determinada e sua dupla mascarada enfrentar oponentes malucos, que parecem impossíveis de derrotar.