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A segunda edição do Prêmio Latino-Americano de Quadrinhos informou, através de sua página no Instagram, que não premiará nenhum dos candidatos inscritos no prêmio. A nota foi postada no dia 31 de maio, data prevista para divulgação do resultado da premiação, de acordo com o regulamento. A organização, composta pelas editoras Comix Zone (Brasil), iLatina (França), Loco Rabia e Historieteca (ambas da Argentina), alegou não ter encontrado obras que se adequassem aos critérios editoriais das quatro empresas. “Embora tenhamos recebido obras de alta qualidade e de autores reconhecidos, nenhuma delas se enquadra na abordagem editorial destinada ao público de cada um dos três países participantes”, diz a nota.
Realizado pela primeira vez em 2022, a premiação é voltada para autores da América Latina e é dividida em duas categorias, Graphic Novel e Quadrinho de Gênero. O prêmio garante aos vencedores a publicação nos países das editoras organizadoras, além de uma premiação em dinheiro, correspondente aos direitos autorais para a edição da HQ na Argentina, no Brasil e na França. Entre as exigências para que um quadrinho seja elegível ao prêmio está o envio de 20 páginas do material, que deve ser totalmente inédito.
Naquela edição foram premiados dois quadrinhos argentinos, “Náufrago Morris”, de Pablo Esteban Franco e Lautaro Fiszman, e “Tras Apaluz”, de Manuel Depetris e Martín M. Muntaner. Ainda houve menção honrosa para outros três trabalhos: o argentino “La Sombra Mortífera”, de Gonzalo Agüero, e os brasileiros “Amarras”, de Cecilia Marins, Giulia Tartarotti e Barbara Teisseire, e Como Pedra, de Luckas Iohanathan.
Já neste ano, a ausência de premiados causou estranheza entre o público e os artistas. Comentários nas postagens da nota, na página do Instagram do Prêmio Latino-Americano de Quadrinhos, questionam a ausência de mais detalhes sobre a decisão, como os critérios editoriais que não atendidos pelos títulos inscritos. De acordo com a editora Comix Zone, a representante brasileira no prêmio, alguns dos critérios avaliados incluem qualidade artística, relevância temática, originalidade e potencial de mercado, mas a avaliação pode ser diferente conforme o cenário e país no qual a editora está inserida. “Os critérios editoriais naturalmente variam, especialmente devido a diferenças culturais, preferências de público e tendências do mercado local. Levando em conta essas variáveis, tentamos chegar a um consenso – o que, lamentavelmente, não foi possível desta vez”, diz Thiago Ferreira, editor da Comix Zone.
O baixo número de inscritos é apontado pela organização como um dos motivos para a decisão de não haver obras vencedoras. “O que ocorreu foi claramente um problema de comunicação por parte dos organizadores. Nesta segunda edição, a Comix Zone, a Loco Rabia, a Historieteca e a iLatina não conseguiram divulgar o prêmio como deveriam. Por esse motivo, tivemos pouco mais de 100 inscrições este ano, em comparação com mais de 300 na primeira edição”, aponta Thiago.
Ele conclui que isso “reduziu significativamente as opções e dificultou o consenso”. De acordo com o editor, para ter um resultado é necessário chegar a um denominador comum, que atenda o que buscam as quatro organizadoras. “Cabe destacar que essa possibilidade sempre esteve prevista no regulamento. Os organizadores reservam-se o direito de declarar o prêmio nulo se a qualidade dos trabalhos não for considerada suficiente para fins editoriais. O quadrinho latino-americano é riquíssimo, e o ocorrido significa apenas que falhamos em promover adequadamente a premiação”, justifica.
Baixa divulgação
Ao longo dos pouco mais de 7 meses em que as inscrições do prêmio estiveram abertas, entre 19 de agosto de 2023 e 31 de março de 2024, o Prêmio Latino-Americano de Quadrinhos, quase não realizou postagens nas redes sociais. Na nota que revela que não haveria ganhadores nesta edição a baixa promoção do prêmio é reconhecida pela organização, que assume se comprometer a “estudar e melhorar nossas estratégias de promoção para futuras edições do prêmio, com o objetivo de atrair uma participação mais ampla e diversificada”.
No período citado acima, a página do Instagram da premiação teve 12 postagens. Três que anunciam a abertura das inscrições, em inglês, espanhol e francês. Outras três que relembram o encerramento das inscrições, nos mesmos idiomas, e ainda seis posts variados, com obras que se destacaram na edição anterior.
Nas redes das editoras organizadoras não é muito diferente. A francesa iLatina, pouco ativa nas redes, não fez nenhuma postagem no Instagram sobre o Prêmio Latino-Americano de Quadrinhos. Historieteca publicou apenas uma vez, para lembrar do fim das inscrições. Loco Rabia fez três postagens, logo no anúncio da segunda edição do prêmio, em agosto do ano passado, e depois lembretes em fevereiro e no fim de março. A brasileira Comix Zone, embora bastante ativa no Instagram, também fez apenas três postagens, todas em 2023. Uma delas é o compartilhamento de um vídeo do Giro em vídeo do Fora do Plástico, falando sobre a premiação. Além disso, no recorte brasileiro, localizamos matérias no site da Revista O Grito! e do Universo HQ.
